Descendentes da Santa Paulina
vivem em Nova Trento
e conservam a admiração pela religiosa. Neste sábado, 19 de maio, a
canonização da Santa Paulina, a primeira santa que viveu no Brasil, faz 10
anos. Vinda criança da Itália, ela é venerada em Nova Trento , no Vale
do Rio Tijucas, onde foi erguido um santuário em sua homenagem, e onde viveu
parte de sua vida.
No lugar, existem ainda muitos
descendentes. Alguns jovens como Amábile Visintainer, 13 anos, e outros
mais idosos, como Alexandre Visintainer, 95 anos, que ainda lembra do dia em
que foi com os pais despedir-se da religiosa quando ela partia para São Paulo. A
grafia pode ter mudado, a admiração não
Se
o "V" de Visentainer deu lugar ao "W", o respeito por
Paulina continua o mesmo dos tempos de menino. Assim passa o tempo para
Alexandre Atílio, 95 anos, sobrinho de Santa Madre Paulina, agricultor
aposentado que mora no Bairro de Vígolo, vizinho ao Santuário, em Nova Trento.
Por volta dos 10 anos, recorda, ele, o
pai e a mãe foram se despedir da jovem religiosa que partia para fortalecer a
Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Acredita que ela estivesse
indo para São Paulo. Hoje, a obra de Madre Paulina está presente na Itália,
países da América e da África através de um trabalho integrado de saúde,
educação, promoção social e em diversas pastorais da Igreja Católica.
— Naquela época, os religiosos ficavam
longe do povo. Tinha uma meia porta, e ela ficava de um lado e nós do outro.
Mas acho que conseguimos dar um abraço nela — conta Alexandre Atílio.
Na casa onde vive, construída por ele
inspirado no carpinteiro São José, o aposentado tem um cantinho onde todos os
dias reza para a Santa Madre Paulina. No cantinho da sala e sobre um altar
improvisado, acende velas em agradecimento pela saúde e bem estar com a
família.
Desde que começou o processo de
canonização, Alexandre tem dado muitas entrevistas. Mais do que falar em
carregar o sangue da santa, sugere que as pessoas tenham fé no poder de
intervenção da primeira santa que chegou menina da Itália e viveu em Santa Catarina.
Alexandre é filho de Manoel Benjamim,
um dos irmãos de Paulina. É o único sobrinho da santa que está vivo. Mas
encarregou-se de fazer circular o sangue da Vinsentainer mais famosa no mundo.
Casado com Marta Maria, de quem está viúvo há 20 anos, teve 13 filhos.
Netos e bisnetos se espalham por
diferentes cidades do Estado. Quando lhe perguntam diante da vitalidade e
lucidez sobre não ter casado novamente, responde acreditar que na companhia da
família prolonga a vida.
— Quero chegar aos 100 anos. Tomo
vinho todos os dias e há 83 fumo cachimbo. E não deixo de rezar, nunca — conta.
O mesmo nome da santa
A resposta vem com orgulho sempre que
alguém pergunta-lhe o nome: Amábile Visintainer. E respeitosamente segue a
conversa caso seja feito algum questionamento se "esse não é o nome de
batismo de uma santa?"
— Sim, tenho o nome e sobrenome da
Santa Madre Paulina diz a adolescente de 13 anos, que frequenta o 7º ano e já
fotografada como modelo.
Mas, diferente de Madre Paulina que
foi fazer a vida religiosa em
São Paulo , Amábile ainda está em Nova Trento por
decisão dos pais que acharam muito cedo sua transferência para o mundo da moda.
Aluna aplicada e filha exemplar
conforme a mãe, Rosângela Dallabrida Visentainer, Amábile tem fé em Madre Paulina. Mas
não demonstra a mesma vocação.
— Penso em seguir a vida normal, um
curso universitário e ter uma família. Acho bonito tudo o que ela fez, a sua
obra, mas eu quero trabalhar com urbanismo e arquitetura — conta.
Amábile é filha única. O parto não foi
difícil e a mãe agarrou-se na fé em Madre Paulina. A santa já era seu socorro quando,
nos tempos de criança, os pais bebiam. Na hora do nascimento de Amábile não lhe
faltou. Mas não foi fácil a homenagem.
Se no cartório não houve recusa de
colocar nome e sobrenome, até por que o pai, Alfonso Piudessimo Visentainer, é
sobrinho neto de Madre Paulina, na congregação a ideia não foi bem aceita: uma
madre questionou o fato da menina ter o nome e sobrenome. Mas os pais estavam
decididos: se fosse menina seria Amábile, se fosse um garoto seria batizado de
Napoleão, mesmo nome do pai de Madre Paulina.
— Felizmente ela entendeu que eu tinha
o direito, já que meu pai carregava o sangue da santa nas veias. Eu gosto muito
das irmãzinhas e até dou aula de computação para uma delas — explica Amábile.
Os estudos são prioridades para a
menina que apesar de gostar de fotografar e de moda, evita alguns
comportamentos atuais:
— Não tenho namorado e ainda não
fiquei com meninos. As pessoas acham estranho, mas eu penso em outras coisas
para mim e um dia a hora chegará — diz.
Com 1,76 metro de altura e 52 quilos,
Amábile diz que neste ano terá que refazer as fotos para a agência que já
fotografou. Para ela, que não tem problema de peso, uma dificuldade foi posta:
o tamanho do pé. O ideal é número 36, e ela calça 39.
Ficou chateada, mas diz que não vai "cortar o pé".
Ficou chateada, mas diz que não vai "cortar o pé".
Quando volta o assunto sobre o
comportamento das meninas de sua idade, costuma dizer que tem personalidade
forte para não se deixar influência. O mesmo se diz de Madre Paulina, a sua tia
em sangue, e padroeira no nome.
Fonte:
Jornal Diário Catarinense 18/05/2012
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