O governo fará uma devassa nos 103
contratos que tem com a Delta Construções S.A., declarada inidônea pelo
ministro Jorge Hage, da Controladoria-Geral da União (CGU).
Nessa "operação
pente-fino" vai ser analisado se as obras estão atrasadas ou paralisadas.
Nesse caso, os contratos poderão ser
suspensos. Nenhum novo contrato com a Delta poderá ser assinado. A decisão foi
publicada no Diário Oficial da União. A saída da empresa da cena não deve trazer
problemas de continuidade.
Se as obras estiverem bem
encaminhadas, a opção será por seguir com o serviço, para não prejudicar o
andamento dos investimentos. No caso, o governo leva em conta que os contratos
quase sempre são tocados por consórcios que incluem outras empresas — e estas
poderão assumir o resto da tarefa.
Em abril, o ministro dos Transportes,
Paulo Sérgio Pereira, chegou a mencionar que o governo tinha "plano B e
plano C" para os casos de interrupção ou atraso nas obras da Delta. A
ordem, avisou, era iniciar imediatamente uma nova licitação, chamando o segundo
ou terceiro colocados no processo licitatório.
Dos 103 contratos sob comando da
Delta, 99 foram assinados com o Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit), dois com o Ministério da Defesa, um com a Integração
Nacional e um com a Valec, a estatal que cuida das ferrovias. Os valores dos
contratos, de acordo com a CGU, totalizam R$ 3,6 bilhões.
Destes, R$ 1,6 bilhão já foi repassado
à Delta — que está sendo investigada no Congresso pela CPI do Cachoeira. Há
fortes indícios de que a Delta tinha uma parceria com o contraventor Carlos
Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, pelo menos no Centro-Oeste. A CPI quebrou
os sigilos fiscal, bancário e telefônico da empresa em todo o país.
A Delta era, até o início da CPI, a
empreiteira com o maior número de obras do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC). Recebeu do governo federal, de 2007 até a revelação do
escândalo, R$ 4,13 bilhões. A empresa tinha obras em 23 Estados e no Distrito
Federal. Sua atuação era mais forte no Rio de Janeiro, onde tem sede, e em
Goiás.
Um contrato que termina em 21 de
novembro de 2013, por exemplo, trata das vias paralelas à rodovia GO-060, que
liga Brasília a Goiânia. O governo não assinava mais contratos com a Delta
desde abril, quando a CGU iniciou o processo que culminou com a declaração de
inidoneidade. A partir daquele mês houve licitações em que a Delta saiu
vencedora e não foi contratada.
Fonte:
site Jornal A Notícia 14/06/2012
Nenhum comentário :
Postar um comentário