Queixando-se de isolamento dentro do
PSDB, o ex-governador José Serra avalia com apoiadores sair da sigla para
viabilizar sua candidatura à Presidência da República em 2014.
Segundo aliados, ele ainda não
desistiu do sonho de chegar ao Palácio do Planalto, nem que para isso tenha de
se filiar a outro partido.
Apesar das dificuldades operacionais,
não foi descartada a fundação de uma nova sigla, a exemplo do PSD do
ex-prefeito Gilberto Kassab. A hipótese de mudança foi objeto de discussão nos
últimos dois meses, após derrota de Serra na disputa pela Prefeitura de São
Paulo.
Dentro do PSDB, o nome mais forte hoje
para disputar a Presidência é o do senador Aécio Neves (MG), que é rival de
Serra internamente. Alguns serristas, porém, aconselham o tucano a permanecer
na sigla e disputar a indicação com Aécio.
PRAZOS: Uma possível filiação de Serra
a outro partido teria que acontecer até outubro, um ano antes das eleições.
Hoje, no entanto, o único abrigo disponível
seria o diminuto PPS (13ª bancada da Câmara). Ainda assim, Serra enfrentaria
resistência da ala que defende aproximação com Dilma Rousseff.
Presidente nacional do PPS, Roberto
Freire (SP) conta que, desde o ano passado, discute com Serra o projeto de
criação de um outro partido. "Poderíamos criar uma nova sigla. Isso foi
conversado com Serra", admite Freire, reconhecendo que a disputa pela
Presidência ainda está em seu horizonte. "Serra continua ativo."
Já neste ano, após passar as festas do
fim de ano na Bahia, Serra recebeu Freire para uma análise do cenário nacional.
Para Freire, é desnecessário discutir a mudança agora. "Enquanto ele não
decidir efetivamente [se é candidato], não adianta."
Ainda segundo tucanos, Serra avisa que
vai submergir até depois do Carnaval. Um de seus principais apoiadores --que
foi seu vice no governo de São Paulo--, Alberto Goldman afirma que ele só
deverá tomar uma decisão depois de maio, mês em que ocorrerá a eleição da nova
Direção Nacional do PSDB.
Caso seu grupo saia enfraquecido da
disputa, aumentam as chances de ele abandonar a legenda. Segundo Goldman, a
troca de partido já foi discutida. Mas ele "espera passar o tempo".
"Serra não pendurou as chuteiras. Está ouvindo os aliados", diz
Goldman.
"Serra ainda não verbaliza. O
fato é que ele está amadurecendo. Teve 45% dos votos, tem capital",
acrescenta.
A hipótese de mudança não conta,
porém, com adesão de todos os serristas. Aliados dizem não haver sigla com
estrutura suficiente para uma campanha à Presidência nem tempo hábil para a
criação de uma nova.
O ideal, argumentam, é que Serra tente
se fortalecer dentro do PSDB como alternativa a Aécio.
Fonte: Site Folha de São Paulo 08/01/2013
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