O governo federal utilizou o artifício
de incluir usinas hidrelétricas, termelétricas e eólicas atrasadas para
turbinar uma promessa de expansão recorde em 2013.
Em pronunciamento anteontem em cadeia
de rádio e TV, a presidente Dilma Rousseff disse que o país vive uma situação
singular: mesmo com a forte redução da tarifa de energia elétrica, haverá uma
expansão de 7% do parque gerador.
Levantamento da Folha indica,
entretanto, que, dos novos 8.722 MW (megawatts) esperados até dezembro, 2.475
MW se referem a empreendimentos que já deveriam estar operando há, pelo menos,
um ano. Estão na lista de atrasos térmicas da MPX -do grupo EBX, de Eike
Batista-, projetos hidrelétricos -como as usinas de Simplício e Batalha- e 33
dos 67 projetos eólicos esperados para 2013.
"Isso [atraso] não importa",
disse Maurício Tolmasquim, presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética),
sobre a inclusão de obras atrasadas no cálculo de expansão recorde neste ano.
"O que importa é que o país terá
neste ano um recorde de novas usinas instaladas e isso dará maior segurança
energética ao país", disse.
Para o diretor da Andrade &
Canellas, João Carlos Mello, especialista em projetos de geração de energia, o
governo precisará ter garantia dos empreendedores de que as obras atrasadas, de
fato, irão operar. Assim como houve atrasos nos anos anteriores, pode ocorrer
neste ano.
"Se o governo tiver garantia de
que os projetos atrasados entrarão em operação, pode conseguir a expansão que
anunciou", diz Mello.
Com os 8.722 MW previstos,
equivalentes a uma Tucuruí, a base instalada pode passar dos atuais 121,1 mil
MW para 129,8 mil MW.
Em uma década, o Brasil incorporou ao
sistema elétrico nacional capacidade média de 4.000 MW por ano, menos da metade
do previsto para 2013. Boa parte dos atrasos é atribuída ainda ao rito de
licenciamento ambiental.
A expansão prometida pela presidente
Dilma ainda está aquém do que deveria entrar em operação neste ano, segundo a
lista de projetos contratados e autorizados pela Aneel, agência reguladora do
setor. Segundo apurou a Folha, se todos os projetos prometidos para 2013
fossem concluídos, o país agregaria 10.356 MW ao parque gerador e alcançaria a
capacidade instalada total de 131,4 mil MW.
Fonte: Site Folha de São Paulo
25/01/2013
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