Um dos principais nomes do PSDB, o
ex-governador José Serra disse ontem à Folha que a candidatura do
governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à Presidência da República nas
eleições de 2014 seria "boa para o Brasil e boa para a política".
Serra, que tem evitado discutir em
público o cenário político nacional e concorreu duas vezes ao Planalto por seu
partido, deu a declaração ao confirmar que se reuniu com Campos na última
sexta-feira, em sua casa, na capital paulista. O encontro foi revelado pela
colunista da Folha Eliane Cantanhêde.
A assessoria de Campos disse que se
tratou de "uma conversa sobre o Brasil". A versão do ex-governador de
São Paulo vai na mesma linha. "Foi uma conversa cordial sobre o Brasil, a
política e a economia", disse Serra.
O tucano negou que, durante o
encontro, Campos tenha falado sobre sua candidatura presidencial ou discutido
alianças eleitorais.
Serra disse que, "apesar do
distanciamento político", foi muito amigo do avô de Campos, o governador
Miguel Arraes (1916-2005), e que recebeu abrigo da família em Paris na ditadura
militar, quando os dois estavam exilados.
A aproximação de Serra e Campos ocorre
num momento em que a cúpula do PSDB trabalha para viabilizar a candidatura do
senador mineiro Aécio Neves. Seus aliados veem como maior obstáculo ao projeto
a falta de unidade na sigla em torno do senador.
Serra e Aécio são desafetos. Eles se
encontraram na última segunda-feira em São Paulo , mas a conversa resultou apenas no acerto
de um novo encontro, em
abril. Aécio chega hoje a São Paulo para uma nova rodada de
conversas com líderes tucanos.
Presidente nacional do PSB, Eduardo
Campos ainda não admite ser candidato à Presidência, mas dá cada vez mais
sinais de que vai concorrer contra Dilma Rousseff.
O PSB é parte da coalizão que sustenta
o governo Dilma, mas nos últimos meses Campos criticou publicamente a condução
da economia. Um dia antes do encontro com Serra, num jantar com empresários,
Campos disse que dá para fazer "muito mais" que o atual governo.
Às críticas à política econômica se
somaram movimentos de aproximação com a oposição. O pernambucano já esteve com
o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e mantém conversas frequentes com o
presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE). Campos também despertou a
simpatia de alas do DEM.
Os acenos de Campos a esses setores
perturbam aliados de Aécio. Eles temem eventual divisão na oposição, o que
poderia fragilizar o mineiro.
Segundo tucanos próximos a Serra, ele
tem dito que Campos não prejudica o PSDB, porque ajudaria a tirar votos de
Dilma e forçar a realização de um segundo turno nas eleições presidenciais.
Alckmin concorda com essa avaliação.
Fonte:
Site Folha.uol.com 22/03/2013
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