Há 20 anos, os brasileiros foram às
urnas em plebiscito nacional, por determinação constitucional, para escolher
entre a forma de governo República ou Monarquia e entre Presidencialismo ou
Parlamentarismo como sistema de governo a ser adotado no Brasil.
O plebiscito
ocorreu no dia
O plebiscito foi determinado pelo
artigo 2º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da
Constituição Federal de 1988. Pelo artigo, a consulta popular estava marcada
originalmente para ocorrer no dia 7 de setembro de 1993 , mas foi antecipada para 21 de abril de 1993
pela Emenda Constitucional nº 2, de 25 de agosto de 1992 .
De um universo de 90.256.461 eleitores
na época, compareceram às urnas 66.209.385 (73,36%), sendo que 551.043 votaram
em trânsito na ocasião. A República foi escolhida por 43.881.747 (66,28%)
eleitores, sendo que a Monarquia recebeu 6.790.751 (10,26%) votos. Votaram em
branco neste item 6.813.179 (10,29%) eleitores, e 8.741.289 (13,20%) anularam o
voto.
Já 36.685.630 (55,41%) eleitores
optaram pelo sistema presidencialista de governo, e 16.415.585 (24,79%), pelo
parlamentarista. Votaram em branco neste item 3.193.763 (4,82%) eleitores, e
9.712.913 (14,67%) votaram nulo.
Primeiro
referendo nacional:
Em janeiro deste ano, completaram-se
os 50 anos de realização da primeira consulta popular nacional por meio de
referendo no país. No dia 6 de janeiro de 19 63, os brasileiros foram convocados às
urnas para opinar sobre a manutenção do regime parlamentarista, que então
vigorava, ou se deveria retornar o presidencialismo. Venceu o presidencialismo.
A Justiça Eleitoral teve de preparar
toda uma estrutura de eleição nacional para garantir que cada um dos eleitores
espalhados pelos então 23 Estados e os territórios do Amapá, Roraima e Rondônia
pudessem participar do referendo de 6 de janeiro de 19 63 e opinar sobre os rumos da
política nacional.
Na época, a seção eleitoral já era
fixa para o eleitor, a cabine de votação era inviolável, havia uma cédula
oficial de votação do referendo e uma urna padrão, fora todo o sistema de
apuração organizado para garantir uma eleição mais segura, legítima e livre de
fraudes.
Servidor aposentado da Justiça
Eleitoral, Pedro Mattoso lembra que, originalmente, o referendo estava previsto
para ocorrer em 1966, mas foi antecipado para 1963. “A Secretaria do TSE teve
uma atuação muito grande na ocasião [do referendo]”, disse.
Ele lembra que, naquele tempo, o
“máximo que se fazia”, em termos de tecnologia, era por telefone ou por telex.
A Secretaria do TSE era composta, na ocasião, por aproximadamente 80
servidores, a maior parte transferida do Rio de Janeiro, e por alguns
requisitados de outros órgãos públicos. “A confecção do material era toda
manual, feita pelo Departamento de Imprensa Nacional”, relata.
Mattoso destaca que a apuração dos
votos era feita manualmente, para a totalização do resultado: “De um eleitorado
de 18 milhões, compareceram no referendo 12 milhões, sendo que 9,5 milhões
foram favoráveis ao presidencialismo, e dois milhões votaram pela manutenção do
parlamentarismo”.
Ele se recorda da precariedade dos
meios de votação, em comparação às urnas eletrônicas atuais. “Hoje, você faz
uma eleição de 135 milhões de votantes [a última eleição presidencial teve
135,8 milhões de eleitores] e, horas depois, tem o resultado definido”, diz
Mattoso, ao salientar a evolução da Justiça Eleitoral nos últimos 50 anos.
Segundo
referendo nacional:
Em 23 de outubro de 2005 , houve outro
referendo nacional. Desta vez, para que a população opinasse sobre a proibição
ou não do comércio de armas de fogo e munições no país.
Esses tipos de consulta popular
(plebiscito e referendo) estão previstos no artigo 14 da Constituição Federal.
Consultas
A Justiça Eleitoral fez adaptações no
software da urna eletrônica para que esta possa receber, ao mesmo tempo, os
votos dos candidatos aos cargos eletivos e as respostas referentes às consultas
de um plebiscito ou referendo. Antes, para se fazer uma consulta no mesmo dia
da eleição, era preciso utilizar duas urnas diferentes, duas cabines, o que
aumentava os custos, a exemplo do referendo regional do Acre de 2010.
Atualmente, com o sistema eletrônico
de votação, já se pode fazer consultas (plebiscitos e referendos) junto com uma
eleição, com o uso de uma única urna eletrônica. Foi o que aconteceu nas
eleições municipais de 2012. No mesmo dia e na mesma urna em que escolhiam seus
futuros prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, eleitores de cinco municípios
de dois Estados (Rondônia e Rio Grande do Norte) puderam responder também a
três plebiscitos locais acerca de criação, desmembramento e mudança de nome de
município.
Fonte:
Tribunal Superior Eleitoral
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