A ex-senadora Marina Silva reuniu em
torno do projeto da Rede Sustentabilidade, partido que tenta viabilizar para se
candidatar à Presidência em 2014,
uma teia que vai de Heloísa Helena, a
fundadora do PSOL a um aliado histórico do ex-governador José Serra (PSDB-SP).
Além do discurso de que estão juntos
para construir coletivamente a "nova política", os principais
apoiadores de Marina são movidos por causas individuais realistas.
Muitos
deles já não gozam em seus partidos do prestígio de outrora ou travam batalhas
perdidas contra líderes de suas siglas. O deputado Domingos Dutra, por exemplo,
protesta em vão contra a aliança do PT com a família Sarney no Maranhão e, por
isso, quer deixar a legenda.
Hoje vereadora em Maceió (AL), a
ex-senadora Heloísa Helena, que em 2005 saiu do PT para criar o PSOL, entregou
a presidência do partido há três anos, após se desentender com a direção
nacional. Ela queria que sua legenda apoiasse Marina, então no PV, à Presidência
em 2010, mas foi derrotada.
Integrante, como Dutra e Heloísa, da
Executiva provisória da Rede, o deputado federal Walter Feldman chegou a
anunciar sua saída do PSDB em 2011. Na ocasião, acusou o governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin, por uma crise interna que levou seis vereadores da
capital paulista a deixarem o partido.
Feldman, no entanto, voltou atrás e
ficou no PSDB. No ano passado, foi um dos coordenadores da campanha de Serra à
Prefeitura de São Paulo. Intermediou o apoio do pastor Silas Malafaia, da
Assembleia de Deus, ao tucano. As críticas do religioso a políticas contra a
homofobia trouxeram danos à candidatura, e Feldman acabou responsabilizado
internamente.
Ele admite que a Rede não atrai
"apenas os ideológicos, os doutrinários", mas também quem está
perdendo espaço em seus partidos. Mas diz que não se encaixa em nenhum dos
grupos. "Sou um sonhático radical. Estou em busca de uma nova
utopia."
PRAGMATISMO:
Quando deixou o PV, em 2011, após
disputa de seu grupo com a direção do partido, Marina disse que não era hora de
agir com pragmatismo: "É hora de ser sonhático e de agir pelos nossos
sonhos".
Alguns dos "sonháticos", no
entanto, continuaram no PV para evitar perder o mandato, como o deputado
Alfredo Sirkis (RJ). "Fui contra a saída dela. Teríamos continuado a luta
interna dentro do partido e hoje estaríamos em situação melhor", afirma.
Ele
defende inclusive que, na eventual candidatura de Marina em 2014, a Rede se alie à sua
antiga legenda.
Vitória do pragmatismo?
"Sonhaticamente não se faz uma campanha presidencial bem-sucedida",
responde Sirkis.
Fonte: site Jornal Folha SP 13/05/2013
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