Pressionados pelos protestos no país,
muitos parlamentares mudaram de opinião e resolveram manter os poderes de
investigação do MP.
Pressionados pela população que foi às
ruas com milhares de cartazes, os deputados federais rejeitaram por ampla
maioria a proposta de emenda à Constituição (PEC) 37 na noite de ontem, em
sessão extraordinária. Foram 430 votos contra a iniciativa e só nove
favoráveis. Também foram registradas duas abstenções.
A medida, que retirava os poderes de
investigação do Ministério Público (MP), foi interpretada pela sociedade como
um afrouxamento em favor dos corruptos. O presidente da Câmara, Henrique Alves
(PMDB-RN), procurou acelerar a votação em detrimento dos discursos. Na tribuna,
alguns deputados chegaram a reconhecer que estavam mudando de posição devido à
pressão da população contra a PEC 37. Outros parlamentares os acusaram de
hipócritas, apesar de saudarem a sua "capacidade de ouvir o povo".
— A Câmara se encontra com o povo. O
povo está nas ruas clamando contra corrupção, exigindo educação de qualidade,
mais saúde, transporte coletivo barato e dizendo: "basta de
impunidade". Como poderia essa Casa virar as costas a essa multidão que
ganhou as ruas do país — afirmou o deputado Vieira da Cunha (PDT-RS),
procurador licenciado para exercer o mandato.
A PEC 37 era defendida por delegados
de Polícia Civil, que entendiam ter a exclusividade da investigação junto com a
Polícia Federal. A OAB também defendeu a retirada dos poderes de investigação
do Ministério Público. Mas a pressão da população, simpática às investigações
contra a corrupção movidas pelo Ministério Público, forçou uma mudança de
opiniões. Promotores e procuradores do órgão de controle poderão continuar
investigando e participando dos júris, um dos focos de crítica da rejeitada PEC
37.
Ao final da votação, estudantes e
membros do MP que estavam no plenário comemoraram cantando o Hino Nacional.
— Sempre tive esperanças, sempre
acreditei no Congresso para rejeitar a PEC 37, mas é evidente que o movimento
das ruas ajudou demais — afirmou Eduardo de Lima Veiga, chefe do MP do RS.
— Não há nenhuma derrota. Tudo
continua como está, o Brasil não ficou nem pior nem melhor com a decisão —
disse Wilson Müller, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do RS.
Com a rejeição, a medida segue
diretamente para o arquivo. A partir de agora, o Congresso deverá discutir a
apreciação de um projeto de lei que regulamente as investigações do Ministério
Público Estadual e Federal, Polícia Federal e Polícia Civil. A intenção é
estabelecer critérios idênticos para definir detalhes da investigação como
prazos, níveis de publicidade e responsabilidades.
Nove deputados foram favoráveis ao
projeto:
Abelardo
Lupion (DEM-PR)
João
Campos (PSDB-GO)
Eliene
Lima (PSD-MT)
Valdemar
Costa Neto (PR-SP)
Bernardo
Santana de Vasconcellos (PR-MG)
João
Lyra (PSD-AL)
Lourival
Mendes (PT do B-MA)
Sérgio
Guerra (PSDB-PE)
Mendonça
Prado (DEM-SE)
Fonte:
site Jornal A Noticia 25/06/2013
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