Um dos principais alvos dos
manifestantes foram os gastos com a Copa do Mundo.
Quinta-feira 20 de junho. Um dia para
não ser esquecido no País. Mesmo após os aumentos das tarifas serem revogados
em cidades como São Paulo e no Rio de Janeiro os protestos que expressam
uma insatisfação com os rumos do Brasil um milhão de manifestantes
tomaram as ruas de mais de 120 cidades brasileiras — a maior adesão
nacional desde o início da onda de protestos.
No Rio de Janeiro, mesmo após a
revogação do aumento, pelo menos 300 mil pessoas foram as ruas. A
manifestação produziu atos de vandalismo isolados, depredações e mais de
40 feridos. Em Brasília, vândalos tentaram incendiar o prédio do Itamaraty. O
saldo na Capital Federal foi de mais de 30 feridos. Houve confrontos e
violência em Salvador.
Em São Paulo manifestantes
entraram em choque com militantes do PT que queriam participar dos
protestos e acabaram expulsos da avenida Paulista.Integrantes de outros
partidos e centrais sindicais também foram hostilizados. A primeira vítima das
manifestações foi um jovem de 18 anos que participava dos protestos em Ribeirão Preto ,
interior de São Paulo. Ele foi atropelado por uma Land Rover e não resistiu aos
ferimentos.
Um dos principais alvos dos
manifestantes em todo País
foram os investimentos exorbitantes destinados à Copa do Mundo que será
realizada no Brasil. Cerca de R$ 28 milhões serão destinados ao torneio segundo
o próprio governo. De acordo com levantamento do R7, o dinheiro daria, entre
outros benefícios, para a contratação de mais de dois milhões de professores
para o ensino fundamental durante um ano. Carências e o sucateamento de áreas
como educação e saúde também foram objeto da revolta durante os protestos.
Como verificado nas noites anteriores,
as manifestações desta quinta começaram como marchas pacíficas, mas terminaram
em confrontos com a polícia em capitais brasileiras, como Rio, Distrito
Federal, Salvador, Recife e Belém, após atos de vandalismo de autoria de grupos
isolados.
Rio
de Janeiro
No Rio de Janeiro, foram ao menos 300
mil manifestantes, segundo estimativa do especialista da Coppe/UFRJ, Moacyr
Duarte. A passeata tomou toda a avenida Presidente Vargas, da Candelária à sede
da prefeitura, na Cidade Nova. Ali, um grupo lançou sinalizadores sobre PMs que
guardavam o prédio da administração municipal. O Batalhão de Choque foi
acionado e reagiu com bombas de gás lacrimogênio, dispersando a manifestação.
Durante a varredura, que teve a participação
do Bope, grupos provocaram atos de vandalismo. Um carro do SBT foi queimado. Ao
menos 41 feridos deram entrada no Hospital Souza Aguiar. Um repórter da Globo
News foi atingido por um tiro de borracha na testa. Em razão da ação,
estudantes se refugiaram em prédio da UFRJ no centro do Rio assim como
frequentadores da Lapa se esconderam em bares no bairro boêmio.
Brasília
Em Brasília, cerca de 30 mil pessoas
participam da manifestação em frente ao Congresso Nacional. No momento mais
tenso do protesto, um pequeno grupo deixou o gramado do Congresso e conseguiu
acessar a rampa do Palácio do Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores).
Os manifestantes jogaram paus e cones e conseguiram quebrar várias vidraças do
prédio.
Os manifestantes colocaram fogo em
cartazes e os policiais usaram os extintores para apagar. Assim que o reforço
entrou no Itamaraty pelos fundos, os policiais enfrentaram o grupo na rampa e
conseguiram dispersar as pessoas que tentavam entrar no prédio. A polícia
precisou usar bombas de gás lacrimogêneo para evitar a invasão.
Mais cedo, em frente ao Congresso, a
PM usou spray de pimenta em vários momentos para afastar os manifestantes que
ameaçam furar o bloqueio policial feito em todo o prédio. Exaltado, um
manifestante foi detido.
A Polícia Militar destinou 3,5 mil
homens para garantir a segurança na região. Apesar dos pequenos tumultos, o
movimento é considerado pacífico e algumas famílias levaram até crianças para
participar. Os policiais fazem barreiras de segurança no Congresso Nacional e
também nos veículos de comunicação para evitar atos de vandalismo.
Depois de tentar negociar com algumas
pessoas dentro do Congresso Nacional, o presidente interino da Câmara, deputado
André Vargas (PT-PR), e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
informaram que o grupo não representava o protesto. O presidente da Câmara
informou que o Congresso está aberto ao diálogo, mas que nenhum líder do grupo
foi encontrado para conversar.
São
Paulo
Da mesma forma agiram alguns
membros do MPL, que já deixavam a Paulista por volta das 21h. Em meio às bandeiras dos partidos
políticos, um rapaz que não era militante acabou ferido na cabeça por um pau
que segurava uma bandeira. Ele foi socorrido por policiais militares a um
hospital da região.
Longe das disputas políticas, a
população aproveitou para fazer seus protestos individuais. Eram diversas as
faixas contra a PEC 37, pedindo a saída da presidente Dilma, do governador
Geraldo Alckmin, do prefeito Fernando Haddad, do senador Renan Calheiros e do
deputado Marco Feliciano. Outros estavam na rua simplesmente para pedir
melhorias nas áreas da saúde, educação, transporte e, principalmente, para
protestar contra a corrupção.
Durante a manifestação, grupos
chegaram a se dividir e caminhar em direção à Assembleia Legislativa do Estado
de São Paulo e à Câmara Municipal, mas se dispersaram. Não houve, segundo a PM,
qualquer tipo de tumulto generalizado. Apenas uma detenção havia sido
registrada até o fim da noite. Foi na esquina da avenida Paulista com a rua
Bela Cintra. Um homem que carregava um coquetel molotov foi levado à delegacia.
Minas
Gerais
Na capital mineira, a manifestação
desta quinta-feira (20) contou com a participação de 20 mil pessoas que se
reuniram às 16h, na praça
Sete, no centro da cidade, no tradicional ponto de encontro do início dos
protestos. A marcha seguiu para a Prefeitura de Belo Horizonte, onde os
participantes gritaram palavras de ordem contra a administração do prefeito
Marcio Lacerda (PSB).
Cerca 2.000 policiais militares
acompanharam a multidão no trajeto que seguiu de forma pacífica para a Praça da
Liberdade, sede do antigo Governo de Minas, na região centro-sul. De lá, a
marcha rumou para a Câmara Municipal de Belo Horizonte. Na sede do Legislativo,
vários jovens subiram no teto do prédio com cartazes pedindo o fim da PEC-37.
A manifestação contou com casos
isolados de vandalismo que foram contidos pelos próprios participantes e
denunciados à PM. Quatro pessoas foram detidas, sendo três por vandalismo e uma
por furto de um celular.
Na Grande BH, centenas de pessoas
também saíram às ruas. Em Betim, 800 jovens pediam pelo passe livre e fim da
corrupção. Em Varginha, no Sul de Minas, 2.000 se juntaram para pedir redução
da tarifa do transporte público. Nesta sexta-feira (21), Uberaba, no Triângulo
Mineiro, promete reunir 10 mil manifestantes no centro da cidade.
Salvador
O protesto em Salvador (BA) começou de
forma pacífica na praça do Campo Grande, antes das 14h. O clima, no entanto, ficou tenso no bairro
de Nazaré, no centro da cidade, quando um grupo de manifestantes encontrou uma
barreira policial.
Apesar dos pedidos de não violência,
dois manifestantes decidiram avançar e o batalhão de choque reagiu. Os
policiais lançaram bombas de efeito moral. Alguns participantes do
protesto montaram barricadas com banheiros químicos e passaram a atirar pedras
sobre os PMs.
Lojas também foram depredadas e paredes
pichadas na avenida 7 de setembro. No início da noite, a cavalaria da PM
avançou sobre os manifestantes em um dos acessos ao Dique do Tororó, próximo ao
estádio da Arena Fonte Nova. Novamente, houve confronto e policiais reagiram
com bombas de gás lacrimogênio.
Recife
Todo o centro de Recife foi fechado
durante a manifestação na tarde desta quinta-feira (20). O protesto também foi
marcado pela violência, houve furtos e um idoso levou uma pedrada na perna
esquerda.
Ao menos 20 suspeitos foram presos em
manifestação na capital pernambucana. Segundo testemunhas, um deles estava
armado.
Cerca de 200 pessoas também depredaram
o prédio da prefeitura, no centro da cidade. Vidros e lâmpadas de iluminação
foram quebrados e um carro que estava estacionado nas proximidades da sede do
poder municipal também foi atingido.
Belém
O protesto em Belém, no Pará, seguiu
pacífico até a chegada dos manifestantes na prefeitura da cidade. No local,
alguns manifestantes tentaram forçar a entrada duas vezes, mas foram impedidos
pela tropa de choque e pela guarda municipal.
Cerca de 30 pessoas foram detidas em
Belém por tentar invadir a sede do poder municipal e atirar pedras contra o
prefeito da cidade, Zenaldo Coutinho.
Fonte: site R7 21/06/2013
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