No último mês, milhares de jovens em
todo Brasil levantaram placas exigindo mais educação, saúde e segurança pública
e e reivindicando melhoras no transporte público,
com reduções de tarifas,
entre tantos outros assuntos que viraram pautas de discussões nacional. Muitos,
no entanto, cobravam da presidente Dilma Rousseff as resoluções por todos estes
problemas.
Apesar de ainda na Antiguidade o
filósofo grego Aristóteles ter intuído uma primeiro noção da divisão de poderes
na política, que foi reforçada pelo filósofo do liberalismo inglês John Locke
em 1653, quem propôs uma formulação definitiva e consolidou essa teoria foi o
francês Montesquieu, na obra O Espírito das Leis, publicada em 1748.
A obra inspirou a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada em 1789, durante a Revolução
Francesa, quando definiu-se que um grupo ficaria responsável pela criação das
leis (Legislativo), outro pela execução dessas leis (Executivo) e um terceiro
deveria verificar se elas estão sendo cumpridas (Judiciário).
Essa ideia influenciou a maioria das
democracias representativas modernas. No Brasil os três poderes passam a
coexistir plenamente, da maneira como ocorre hoje, com a nossa primeira constituição
republicana, em 1891.
Legislativo
- Criação das leis:
O poder legislativo brasileiro é
exercido pelo Congresso Nacional, que, por sua vez, é composto pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal. As duas casas possuem poder equivalente, mas
características distintas. A Câmara de Deputados compõe-se de representantes do
povo, eleitos por voto proporcional, isto é, de acordo com a população de cada
Estado. Santa Catarina, por exemplo, tem 16 deputados federais. Hoje temos 513
deputados e o mandato deles é de quatro anos.
Os membros do Senado também são
eleitos por voto direto, mas majoritário, e não proporcional. Ou seja, cada
Estado tem três senadores, igualmente. Eles representam a unidade federativa, e
não a população daquela unidade. Cada senador é eleito com dois suplentes.
Nos Estados o poder legislativo é
representado pelas assembleias legislativas, compostas por deputados estaduais.
O número de eleitos também é proporcional à população. Santa Catarina possui 40
representantes.
Já nos município os representantes do
Legislativo são os vereadores, que compõem a Câmara de Vereadores e são eleitos
por sistema proporcional.
Câmara e Senado têm comissões, algumas
permanentes e algumas especiais. Entre as permanentes de maior destaque estão a
Comissão de Constituição e Justiça e a Comissão de Finanças e Orçamento,
responsável por analisar os gastos de um projeto, por exemplo. As Comissões
Parlamentares de Inquérito, conhecidas como CPIs, são especiais e tem como
objetivo investigar e julgar determinadas questões. Um caso recente é o
escândalo do mensalão.
Executivo
- Execução das leis:
O poder executivo no Brasil é composto
pela Presidente da República no âmbito federal (atualmente Dilma Rousseff),
pelos governadores no âmbito estadual e pelos prefeitos no âmbito municipal.
Esses representantes são eleitos por voto direto majoritário (mais de 50% da
população). No caso dos prefeitos, cidades com mais de 200 mil habitantes têm
segundo turno nas eleições.
O sistema eleitoral brasileiro, tanto
no executivo quanto no legislativo, é partidário, ou seja, os candidatos a se
elegerem precisam estar filiados a partidos políticos. Os ministros de Estado,
nomeados pela presidência, também compõem o executivo. Este poder exerce
principalmente a função administrativa: gerencia o Estado, aplicando a lei. De
maneira limitada, também legisla por meio da edição de medidas
provisórias.
Judiciário
- Fiscaliza o cumprimento das leis:
Sua função principal é verificar a
legalidade das leis em relação à constituição. No âmbito federal, é composto
pelos tribunais superiores, entre os quais um dos mais importantes é o Supremo
Tribunal Federal. Já o Supremo Tribunal de Justiça, por exemplo, situado em
Brasília, trabalha com assuntos não constitucionais, como recursos, por
exemplo.
Existem outros tribunais superiores na
capital federal, que são mais especializados, como o TSE - Tribunal Superior
Eleitoral e o TST - Tribunal Superior do Trabalho. Os tribunais regionais
federais, apesar de não estarem localizados em Brasília, tratam de matérias
federais. O mais próximo de Santa Catarina é o Tribunal Federal da 4ª região,
TRF-4, em Porto Alegre. Quem trabalha nesses tribunais são os juízes, que,
diferentemente do que ocorre nos outros poderes, são nomeados pelo Executivo, e
não eleitos por voto direto.
Os estados estão os tribunais de
justiça, onde ficam os desembargadores. Estas instâncias são divididas por
setores que trabalham apenas com o direito comum, como direito civil, penas e
da fazenda. Se alguém quer abrir uma ação trabalhista, por exemplo, precisa
recorrer ao tribunal à vara do trabalho.
O Conselho Nacional de Justiça é um
órgão que faz o controle do próprio poder judiciário.
Saiba a qual poder caberia algumas das
reivindicações da recente onda de protestos:
Legislativo
Marco Feliciano: a retirada do
deputado federal da Comissão de Diretos Humanos ficaria a cargo da Câmara dos
Deputados, no Congresso Nacional. A presidente Dilma Rousseff não tem o poder
de tomar essa decisão.
Renan Calheiros: o movimento Fora
Renan deve cobrar do Senado Federal, do qual Calheiros é presidente, que o
senador seja investigado e, possivelmente, cassado.
Corrupção: o plenário da Câmara
aprovou, na última semana, regime de urgência para o projeto de lei que torna
corrupção um crime hediondo. A matéria deve ser votada ainda esta semana.
Royalties do Petróleo: no dia 2 de de
julho o Senado votou a favor da destinação de 75% dos royalties do petróleo
para investimentos em educação e 25% para a saúde. O texto volta para a Câmara.
PEC 37: essa Proposta de Emenda à
Constituição, tão citada e repudiada pelos manifestantes, queria que a
investigação de denúncias e ações do Ministério Público fossem feitas apenas
pela Polícia Civil, ou seja, tirava esse poder do MP. A PEC 37 foi votada e
rejeitada pela Câmara dos Deputados
Executivo
Transporte público: questões
referentes a esse serviço, que foi o que impulsionou os primeiros protestos em
São Paulo e Porto Alegre no início de junho, devem ser reivindicadas junto à
administração executiva municipal, ou seja, as prefeituras.
Judiciário
Maioridade penal: existe um projeto na
Câmara dos Deputados para baixar de 18 para 16 anos a idade em que o cidadão
responderia penalmente pelos seus atos. Para que esse projeto passe, a Câmara
dos Deputados precisa votar, e se ela aprovar, o STF tem que analisar se é constitucional.
Mensalão: a ação penal 470 foi movida
pelo Ministério Público contra os políticos envolvidos no escândalo do
mensalão. O STF julgou 38 réus, e condenou 25, entre eles o ex-ministro José
Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoíno.
PEC 33: da maneira como ocorre hoje,
quando o Supremo Tribunal Federal decide, ele tem a palavra final. Essa
Proposta de Emenda à Constituição propõe que as matérias retornem ao Legislativo,
ou seja, à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. A Comissão de Constituição
e Justiça já aprovou, e agora a proposta vai para o plenário da Câmara, para o
Senado e depois para a sansão da presidente. Depois ainda, o STF pode
questionar a constitucionalidade da PEC 33. Como é pouco provável que o STF
aprove uma mudança que diminua o seu próprio poder, essa proposta se torna de
certa maneira conflitante em si mesma. O argumento de quem defende a PEC 33 é
de que a última palavra teria que voltar para o legislativo, pois lá estão as
pessoas que foram eleitas pelo povo. No entanto, a proposta iria contra o
equilíbrio dos três poderes.
Fontes: Luis Carlos Cancellier de Olivo, diretor do Centro de Ciências Jurídicas e professor do curso de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e site do Senado http://www12.senado.gov.br/jovemsenador/
Fonte: Site Jornal A Notícia 09/07/2013
Fontes: Luis Carlos Cancellier de Olivo, diretor do Centro de Ciências Jurídicas e professor do curso de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e site do Senado http://www12.senado.gov.br/jovemsenador/
Fonte: Site Jornal A Notícia 09/07/2013
Nenhum comentário :
Postar um comentário