O senador mineiro Aécio Neves,
presidente do PSDB, e o ex-governador paulista José Serra defenderam nesta
terça (20)
a realização de prévias internas no partido para escolher o
candidato dos tucanos na corrida presidencial de 2014.
Aécio, que em maio assumiu o controle
da máquina partidária e começou a construir sua candidatura à Presidência da
República, afirmou que apoiará a realização de prévias se elas forem
solicitadas por algum concorrente.
Serra, que perdeu duas eleições
presidenciais para o PT e vem indicando que gostaria de concorrer novamente no
ano que vem, disse na semana passada que seria "extravagante" o
partido não realizar prévias se houver mais de um candidato, e nesta terça voltou
a defendê-las.
Em entrevista em Brasília, Aécio fez
questão de alfinetar o rival, dizendo que "saúda" os tucanos que
"evoluíram de posição", numa referência ao embate que teve com Serra
pela mesma razão em 2009, quando se preparavam para a campanha eleitoral de
2010.
Na época, Serra tinha o apoio da
cúpula partidária para se lançar pela segunda vez candidato a presidente e
Aécio defendia publicamente a realização de prévias, que acabaram não
ocorrendo. "Eu não mudei de opinião", afirmou o senador mineiro.
Serra não acusou o golpe. "Sempre
defendi prévias", disse o ex-governador à Folha. "Fui a favor de
prévias em 2009 e 2010, e disputei uma em 2012, para ser candidato a prefeito
[de São Paulo]."
ASFIXIA:
Isolado
no PSDB, Serra tem considerado a possibilidade de mudar de partido para se
candidatar novamente ao Palácio do Planalto e tem discutido o assunto com o
PPS.
Além do desgaste que sua saída criaria
para o partido que ajudou a fundar, as pesquisas eleitorais mostram que uma
candidatura de Serra dividiria o eleitorado tucano, prejudicando Aécio.
O objetivo principal de Aécio, cuja
decisão de apoiar prévias foi antecipada pelo jornal "O Globo", é
evitar os danos que seu projeto poderia sofrer se Serra decidisse se candidatar
por outra sigla.
Sem as prévias e asfixiado dentro do
partido, Serra teria o discurso ideal para romper com os tucanos e mudar de
legenda. Com as prévias, ele teria que buscar outra justificativa para deixar a
sigla.
Além disso, ao se mostrar disposto a
enfrentar prévias, Aécio procura dar uma demonstração de confiança na sua
capacidade de vencer a disputa, apesar dos riscos que corre com a exposição das
divisões entre os tucanos.
Há ainda um terceiro fator: ao
defender as prévias, Aécio amplia a pressão para que Serra defina logo se ficará
no PSDB ou sai do partido. Se quiser concorrer em 2014 pelo PPS, a legislação o
obriga a deixar o PSDB até outubro.
Apesar de não assumir sua candidatura
presidencial, Serra tem percorrido o país para conversar com aliados. Aécio,
por sua vez, tem buscado se fortalecer especialmente em São Paulo , maior reduto
dos aliados de Serra.
A
pesquisa eleitoral mais recente do Datafolha mostra que Serra teria ligeira
vantagem sobre Aécio se a eleição fosse hoje. Embora ele seja mais conhecido do
eleitorado, sua rejeição é muito maior que a do senador mineiro.
Peça-chave na disputa interna, o
governador paulista, Geraldo Alckmin, defendeu a realização das prévias em
conversas com Aécio e Serra. Os aliados de Serra contam com o apoio de Alckmin
se o partido convocar prévias.
O governador, que será candidato à
reeleição em 2014 e perdeu popularidade com os protestos de junho, tem
interesse em manter Serra
ao seu lado, porque precisa do capital eleitoral acumulado pelo antecessor em São Paulo.
Além do apoio do Alckmin, aliados de
Serra afirmam que, se houver prévias, teriam que batalhar para ampliar ao
máximo o colégio eleitoral. Mais do que só filiados, eles acreditam que Serra
poderia ser beneficiado se fosse permitido que "simpatizantes" do
partido pudessem votar.
Para se contrapor à pressão dos
serristas, Aécio vem trabalhando para ampliar sua influência em São Paulo. Ele
passará a visitar o Estado de dez em dez dias. Na próxima semana, terá encontro
com deputados estaduais.
Mas a agenda interna não será
descolada da agenda de candidato, embora Aécio também não tenha assumido ainda
que é candidato ao Palácio do Planalto.
Fonte: Site Jornal Folha SP 21/08/2013
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