O governador Eduardo Campos (PSB-PE) e
o senador Aécio Neves (PSDB-MG), virtuais adversários em 2014, ensaiam parceria
temporária para fortalecer seus nomes à disputa presidencial.
Aliados querem
que eles evitem agressões mútuas e estabeleçam, sempre que possível,
convergência nas críticas ao governo Dilma Rousseff.
Hoje, Campos receberá o tucano para um
jantar no Recife (PE), como antecipou ontem a coluna Painel. A ideia é mudar a
pauta dos encontros regulares que realizam.
Diálogo
recente entre o governador de Pernambuco e o senador mineiro mostra quão
afinados estão os dois virtuais candidatos à Presidência da República.
"Você é oposição, e eu sou aquele
que reconhece quando há acertos [do governo federal]", disse o
pernambucano ao mineiro há pouco mais de dois meses.
"Esquece, Eduardo, esse sou eu,
pô! Só dar porrada é discurso vazio", retrucou, sorrindo, o tucano.
Nos últimos dias, Campos e Aécio
fizeram críticas muito parecidas ao Planalto e à própria presidente Dilma, de
quem o governador socialista ainda é formal aliado.
Campos preside o PSB, partido com
cargos no segundo escalão federal e dois ministérios (Integração Nacional e
Secretaria de Portos).
Auxiliares do pernambucano afirmam que
as declarações não foram combinadas. Reconhecem, contudo, que as críticas em
dose dupla ganham dimensão maior na imprensa e podem aprofundar o desgaste da
petista.
Interlocutores de ambos os lados
ouvidos pela Folha explicam que a proximidade não significa um pacto de não
agressão. Mas nenhum deles demonstra vontade de tratar o outro como rival
agora.
Até porque o limite dessa
"parceria tática", como definiu um aliado do pernambucano, são os
números das pesquisas. Ou seja: se um disparar sobre o espólio eleitoral do
outro, o acordo evapora. O jantar de hoje é justamente para retardar, ao
máximo, esse momento.
Outro tema do encontro são eventuais
conflitos em candidaturas do PSDB e do PSB nos Estados. Em Minas, Campos quer
que o prefeito Márcio Lacerda, seu correligionário, dispute o governo. Ocorre
que Lacerda é aliado de Aécio. Há desafios em São Paulo , no Paraná, na
Paraíba, mas também muito esforço para compor palanques onde for possível.
Afora as demandas objetivas,
socialista e tucano querem explorar o simbolismo do encontro. Ao mostrar
afinidade, eles indicam que uma aliança em um eventual segundo turno é um
caminho natural. Isso fortalece a perspectiva de poder de ambos.
Os dois têm desempenho modesto nas
pesquisas. Em um dos cenários da pesquisa Datafolha de 10 de agosto, Aécio
tinha 13% de intenção de voto. Campos, 8%.
Para "eduardistas", a imagem
dos dois juntos abre caminho para que Campos, político com histórico de
esquerda, mas que flerta com setores tidos como mais conservadores, avance
sobre o segundo espectro ideológico.
De outro lado, Aécio tem dificuldade
de fazer o movimento contrário. Ele tenta puxar o governador para conduta mais
ofensiva contra Dilma.
Na conversa de hoje, os dois terão de
discutir dois fatores que podem mudar o cenário atual: a possibilidade de
Marina Silva não montar a Rede e a eventual candidatura de José Serra pelo PPS.
Hoje no PSDB, Serra tiraria votos de
Aécio sobretudo em São Paulo ,
território vital para dar competitividade a qualquer um dos prováveis
candidatos.
Fonte: Site Jornal Folha SP 29/08/2013
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