Indefinição sobre cabeça de chapa e
influência da ex-senadora em alianças causam divergências.
Depois de criar um novo cenário
na disputa presidencial, a aliança entre Eduardo
Campos e Marina Silva já se contradiz entre o discurso de
pluralismo e as divergências internas.
Ao embaralhar a corrida ao Planalto
por colocar em dúvida quem será o cabeça de chapa, os protagonistas
confundem os rivais, mas enfrentam resistências que impactam no próprio
fortalecimento da candidatura.
Nos bastidores, o clima já é tenso. A
indecisão incomoda alas do PSB, o que levou o secretário-geral da sigla, Carlos
Siqueira, a reiterar publicamente que a única possibilidade em jogo é Campos
liderar a aliança.
Outro crítico da possível reviravolta,
com Marina na dianteira da chapa, é o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO),
que teve a aliança com o PSB frustrada por intervenção da ex-senadora.
Em entrevista coletiva na capital
paulista, Campos e Marina descartaram atritos e reiteraram disposição para
discutir “o conteúdo” da parceria, que deve pautar o seminário entre
integrantes da Rede e do PSB, no dia 29.
Questionado sobre a indefinição da
chapa, Campos garantiu que os dois consultarão as bases e a militância antes de
decidir. Avaliou que a aliança “provocou um verdadeiro terremoto” no país. O
governador de Pernambuco disse estar “confortável”, mesmo atrás de Marina nas
pesquisas.
Já a ex-senadora afirmou fazer das
palavras de Campos as suas e voltou a dizer que a aliança vai inverter o
processo tradicional da política em que “faz-se a aliança” primeiro e, depois,
“inventa-se um programa”. O discurso foi repetido em propaganda de rádio e TV
do PSB, na noite de quinta-feira, quando fizeram críticas à gestão do PT.
Campos disse que o Brasil trilha um caminho que “já deu o que tinha de dar”.
Governo desconversa, mas observa
rixas com atenção: Para avaliar o cenário eleitoral e a composição de chapas
para a disputa presidencial em 2014,
a presidente Dilma Rousseff se reuniu por mais
de cinco horas, na quinta-feira, com o ex-presidente Lula. Há consenso de
que a “novidade política” Campos-Marina não assusta tanto. Mas diante da união
da dupla, o governo pretende fortalecer a divulgação do que vem fazendo.
— Não sei se a chapa é
competitiva. Ela (Marina) acrescenta para ele (Campos), mas se
você for pensar, se ela for vice, no Brasil ninguém vota por causa do vice
— disse o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
Da euforia às dúvidas: Parceria
eleitoral entre PSB e Rede Sustentabilidade ganhou projeção, mas causou
consequências que podem dificultar preparação da campanha de 2014
Quem será o candidato?: Antes do
acordo, Eduardo Campos era candidato natural do PSB. Agora, mesmo o partido
reforçando que o atual presidente nacional é o nome escolhido, o próprio
governador hesita e diz que tanto ele quanto Marina são “possibilidades” para
disputar a Presidência em 2014.
“Nem eu nem Marina buscamos
candidaturas, mas uma nova política. Se alguém imagina que teremos problema
para organizar isso está enganado. Em 2014, vamos tomar uma decisão sobre a
chapa" — Eduardo Campos, presidente nacional do PSB
Atrasos na campanha: Enquanto houver
indefinição sobre o candidato, Marina seguirá aparecendo nas pesquisas
eleitorais. Isso lançará dúvidas sobre a viabilidade da candidatura de Campos.
Também promete atrasar a formação de alianças, o que pode atrapalhar a
arrecadação de verba para a campanha eleitoral.
"O que costuma acontecer: faz-se
uma aliança eleitoral, ganha-se o governo e depois inventa-se o programa. O que
vai fazer a diferença não é o tempo de televisão, marketing ou estrutura, é a
nova postura" — Marina Silva, líder da Rede e ex-senadora
Alianças reavaliadas: A chegada de
Marina forçou o PSB a repensar alianças com o PSDB em 10 Estados. Em São Paulo – principal
deles –, a sigla negociava o posto de vice de Geraldo Alckmin. Agora, o acordo
balança, especialmente diante da possível inversão de papéis na chapa
Campos-Marina.
“Não tem isso de discutir lá na frente
posição na chapa. A candidatura posta é a de Eduardo e ela vai até o dia da
eleição. A cabeça de chapa se chama Eduardo Henrique Accioly Campos e esse será
o nome na urna no dia da eleição" — Carlos Siqueira, secretário-geral
do PSB
Duelo em Goiás: Antes de Marina, o PSB
negociava apoio à aliança com o deputado ruralista Ronaldo Caiado (DEM) em Goiás. Mas a
ambientalista vetou o acordo eleitoral e “afastou” o parlamentar por
divergência de ideias. Campos decidiu escantear Caiado e apoiar a nova
parceira.
"Estou desapontado (com
Campos). Todos os predicados que eu imaginava foram anulados pela absoluta
falta de coragem. Ele se revelou pessoa fraca. “Novo” se faz com ações, com
menos discursos" — Ronaldo Caiado (DEM-GO), deputado, após ser
rifado por Campos
Fonte:
Site A Notícia 10/10/2013
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