Na reedição de um debate de quase 20
anos atrás, o PT de Pernambuco começa a decidir nesta sexta-feira (18) se
entrega os cargos que mantém nas gestões do PSB do governador e presidenciável
Eduardo Campos e de Geraldo Julio, prefeito do Recife.
A discussão remete a um dilema
enfrentado pelos petistas em 1994, quando se dividiram sobre apoiar ou não a
campanha do avô de Campos, Miguel Arraes (1916-2005), que acabou eleito naquele
ano para o governo do Estado.
Na ocasião, o PT pernambucano começou
defendendo candidatura própria, mas optou ao fim pelo apoio a Arraes como forma
de se opor ao PFL (atual DEM).
Para o cientista político Túlio Velho
Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco, o PT-PE sempre manteve atitude
"dúbia" em relação ao PSB, mas hoje a discussão é mais pragmática e
menos de ideias.
"Não é um debate tão ideológico
como nos anos 1980 e 1990. Hoje é mesmo em função de ocupar cargos ou não,
entregar ou não", diz.
O tema estará em pauta nesta tarde em
reunião em São Paulo de petistas pernambucanos com a Executiva Nacional do
partido.
O PT tem 25 cargos no governo Campos,
entre eles o de secretário da Cultura. Também comandava Transportes, mas o
titular deixou o partido neste mês e foi para o PSB. Na prefeitura, comanda a
área de Habitação.
No mês passado, o PSB anunciou a
entrega dos cargos que mantém no governo federal, primeiro ato concreto rumo à
candidatura presidencial de Campos em 2014.
Diante do movimento de Campos, o PT
nacional disse que não faria ação semelhante porque os cargos nas gestões
estaduais do PSB que integra pelo país (Amapá, Espírito Santo, Piauí e
Pernambuco) sempre estiveram à disposição.
Em Pernambuco, o grupo petista ligado
ao senador Humberto Costa e aos deputados federais João Paulo e Pedro Eugênio,
presidente do PT-PE, anunciou nesta semana a disposição de deixar o governo
Campos.
"Entendemos a necessidade de
entrega dos cargos para ficarmos na mesma condição do governador, à
vontade", disse João Paulo.
Do outro lado da briga, o ex-prefeito
do Recife João da Costa e o presidente do PT do Recife, Oscar Barreto, que é
vice da pasta da Agricultura de Campos, querem protelar ou até evitar o
desembarque.
"O que defendo é por convicção
política e não por oportunismo político", afirma Barreto.
Os conflitos internos do PT-PE se
agravaram no ano passado, após a direção nacional do partido impedir a
tentativa de reeleição de João da Costa no Recife. Houve intervenção, e
Humberto Costa foi o candidato petista, ficando em terceiro lugar, encerrando
hegemonia petista de 12 anos na cidade.
Fonte: Site Folha SP 18/10/2013
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