Ao despontar como uma terceira via,
a união de Marina Silva à chapa de Eduardo Campos (PSB) aumenta a
chance de segundo turno nas eleições presidenciais de 2014.
Ainda assim, cientistas políticos
ouvidos por ZH ponderam que ainda é cedo para compreender o impacto desse novo
bloco na política nacional.
Para Valeriano Costa, professor de
ciência política da Unicamp, uma das principais questões a serem respondidas é
até que ponto essa terceira via será realmente capaz de se diferenciar dos
outros partidos. Ao mesmo tempo em que representa uma novidade capaz de quebrar
a hegemonia que nas últimas décadas alterna o poder entre PT e PSDB, o que
oferecerá realmente de novo?
— Essa polarização histórica sempre
foi questionada, sempre se tentou romper, antes com Ciro Gomes, Anthony
Garotinho, Marina, Eduardo Campos. Mas a gente não sabe o que essa terceira via
fazer de diferente — observa.
Ao se render aos partidos tradicionais,
Marina também enfrentará a contradição diante do seu próprio discurso.
— Ela quer mudar o sistema, mas vai
ter que mudar o sistema por dentro, e vai ter que negociar, fazer o jogo da
política tradicional. Até que ponto ela se distingue disse? Até quanto vai se
diferenciar do resto? Vão conseguir combater as negociatas, as trocas de
cargos? — questiona o professor.
Outra incógnita que se apresenta com o
novo cenário é qual será o destino dos seguidores de Marina, filiados à Rede,
acompanhando ou não a migração de Marina para o partido definido por ela.
— Cada decisão que ela tomar vai criar
um tipo de problema diferente — analisa.
Mas,
no jogo de poder, a coerência geralmente acaba atropelada pelos fatos. O
professor de Ciência Política Francisco Ferraz, ex-reitor da UFRGS, lembra que
a eleição é um "jogo de gente grande", e quem quer disputar este jogo
precisa se submeter às regras.
— Quem entra é pra ganhar, não adianta
sair com uma medalha de bom comportamento. Quem é que está apresentando algo
novo? A Dilma? — ironiza o professor, salientando que, apesar de considerar
importante o surgimento deste novo bloco de oposição uma novidade importante,
ainda falta um ano para a eleição — e até lá "tem muita coisa para
acontecer".
Duas visões:
"Isso forma um bloco de oposição
importante, aumenta muito as chances de segundo turno e amplia do debate, dando
consistência à candidatura de Eduardo Campos. Quanto a essa questão de
apresentar algo novo, não é assim. Quem entra é pra ganhar, não adianta sair
com uma medalha de bom comportamento. Quem é que está apresentando algo novo? A
Dilma? O próprio PT fez esse jogo." Francisco Ferraz, professor de
ciência política e ex-reitor da UFRGS
"Ela quer mudar o sistema, mas
vai ter que mudar o sistema por dentro, e vai ter que negociar, fazer o jogo da
política tradicional. Até que ponto ela se distingue disse? Até quanto vai se
diferenciar do resto? Vão conseguir combater as negociatas, as trocas de
cargos?" Valeriano Costa, professor de ciência política da Unicamp
Fonte: Site A Notícia 05/10/2013
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