A ex-senadora Marina Silva propôs
ontem que o PSB elabore um programa de governo antes de negociar acordos com
outras siglas para a corrida presidencial de 2014,
uma estratégia que contrasta
com a movimentação intensa do governador Eduardo Campos, presidente do PSB, em
busca de novos aliados.
Durante evento ontem em São Paulo,
Marina disse que pretende fazer uma "inversão do processo político"
ao colocar a "discussão programática" em primeiro plano.
"Geralmente, as pessoas pensam
nas alianças eleitorais e depois decidem o que vão fazer se, por ventura,
chegarem a ganhar [a eleição]. Nós queremos fazer exatamente o contrário",
afirmou.
O discurso não combina com a
movimentação de Eduardo Campos, que nos últimos dias procurou avançar em seus
contatos com dirigentes do PPS e do PDT. No início desta semana, Campos
conversou com o deputado federal Roberto Freire (SP), presidente do PPS. Ontem,
encerrado o encontro com Marina Silva, foi direto para uma reunião com líderes
do PPS em Porto Alegre.
Campos conversou ainda por telefone
com Carlos Lupi, presidente do PDT, e está perto de fechar acordo com o PSDB em
São Paulo, indicando o vice na chapa do governador Geraldo Alckmin.
Nesse cenário, rechaçado pelo grupo de
Marina, Alckmin dividiria o palanque entre Campos e o senador Aécio Neves
(PSDB-MG), outro provável candidato a presidente. Campos tem dito que sua
prioridade é o projeto nacional. "Tudo o mais estará em sintonia com o
projeto nacional e com o conteúdo que estamos debatendo. O que não estiver [em
sintonia] estará superado pela dinâmica".
Marina reconhece a movimentação do
governador, mas diz que essas "não são conversas puramente
eleitorais". Para ela, é importante que os possíveis aliados estejam de
acordo com o programa de governo que deve ser finalizado em abril de 2014.
diferenças.
diferenças.
Marina entrou no PSB em outubro,
depois que a Justiça impediu a criação da Rede Sustentabilidade, o novo partido
que ela tenta organizar. Em São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, a
Rede quer lançar candidato próprio e o PSB prefere composição com outras
siglas.
"Nós, da Rede, estamos
trabalhando para ter candidatura em São Paulo. Defendemos uma tese e ainda
estamos no início do debate", disse Marina ao lado de Campos. O
governador, por sua vez, afirmou que o debate regional virá "depois do
debate nacional" e que nenhuma negociação será "atropelada".
Tanto Marina quanto Campos criticaram
a política econômica do governo federal e disseram que o eleitor está cansado
da "polarização entre PT e PSDB" e que espera "o debate de
propostas". "Esse debate [entre PT e PSDB] só faz mais ainda esgotar
a paciência da população", afirmou o governador.
Já Marina disse que "há um
cansaço com essa política de terra arrasada". Para a ex-senadora, a
governabilidade não deve ser baseada na "distribuição de cargos e
privatização dos Estados pelos partidos". Mesmo assim, reconhece que, caso
vença a eleição em 2014, sua coligação "terá que dialogar com PT e PSDB
para governar".
Fonte: Site Folha SP 29/11/2013
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