Amigas e rivais nesta terça, Rosamaria
e Gabi sonham voltar a jogar juntas.
Campinas x Rio de Janeiro:
ex-companheiras de quarto na seleção de base, joias da nova geração desejam
defender o mesmo time. Elas se reencontram pela Superliga.
Já são quatro anos de amizade e muitas
histórias para contar. A relação começou na concentração da seleção brasileira
juvenil em Saquarema, onde eram companheiras de quarto e de bagunça, e é
intensa até hoje. Mesmo jogando em times e cidades diferentes, Gabi (Rio de
Janeiro) e Rosamaria (Campinas) sempre arranjam um jeito de diminuir a
distância. Seja pelo WhatsApp (aplicativo de bate-papo no celular), pelas
redes sociais ou por uma rede, duas das maiores promessas do vôlei nacional
sempre dão um jeito de matar a saudade. Com idade de meninas, 19, mas ambição
de gente grande, a dupla só pensa em conquistar o mundo uma ao lado da outra.
- Comecei como oposta, mas no primeiro
ano de juvenil, virei ponteira. Hoje, somos da mesma posição e uma coisa que
sonho, e tenho certeza que seria muito legal, seria jogarmos juntas de novo na
seleção e em um clube. Temos personalidades parecidas, somos focadas e
trabalhamos forte para conquistarmos nossos objetivos. Lembro de quando a via
jogando. Logo despontou. Nasceu para isso. Viramos amigas e somos grudadas até
hoje. Admiro a Gabi como pessoa. É uma inspiração para mim - elogiou a
catarinense de Nova Trento, Rosamaria.
Destaque da equipe de Bernardinho, a
ponteira do Rio de Janeiro é uma certeza no esporte. Presença constante na
seleção de Zé Roberto, para muitos, dentro de pouco tempo, Gabi será a melhor
do mundo. O caso da ponta do Campinas requer mais tempo. Joia a ser lapidada,
Rosamaria está na fase de afirmação dentro do seu time, que conta as
selecionáveis Natália e Tandara. Mas este cenário nem sempre foi assim.
- Ela pode não lembrar, pois eu ainda
estava começando, mas ela sempre foi a destaque. Era eu quem me inspirava nela,
pois ela era a famosa. Acabamos jogando uma contra a outra nos Jogos Escolares
de 2009, em Poços de Caldas. Ela era titular no time da escola dela, e eu
reserva na minha. A escola dela eliminou a minha por 2 sets a 1. Eu, na época,
fui só para completar. Ainda não tinha esta intenção de ser uma jogadora de
vôlei. Hoje, a gente sempre brinca se vamos voltar a jogar juntas. A ida dela
para a seleção é uma coisa natural e com trabalho vai acabar acontecendo dentro
de alguns anos. Ela tem um potencial muito grande. Vai ser uma grande ajuda, se
ela for. Sempre torci e sempre vou torcer por ela - afirmou Gabi.
A expectativa quanto a esta nova
geração que está vindo, não intimida e nem ilude Rosamaria, que apenas quer
crescer na profissão e sem pressa. Questionada se o rápido sucesso da ex-colega
de quarto a pressionava, a atleta demonstrou maturidade.
-
Cada uma tem seu tempo. Todo mundo fala que depende da gente. Estou tentando
absorver tudo aquilo que me dizem, aproveitar ao máximo. Foi uma surpresa para
mim, quando soube do convite do Zé Roberto para vir para o Campinas. Minha
vinda para Campinas me ajudou muito. Não que eu ache que será mais fácil, mas,
aqui, fico mais perto das pessoas que estão na seleção. Estão vendo meu dia a
dia - contou a bela ponteira, que garantiu não haver interferência entre os
assuntos do clube e os da seleção.
As
diversas concentrações durante a adolescência geraram muitas gargalhadas e
alguns puxões de orelhas. Inquieta, assim como as também companheiras de quarto
Juju (Sesi-SP) e Raquel (Minas), Gabi só era contida com a chegada de membros
da comissão técnica e diretores ou por Rosamaria, a "mãe" do grupo.
- Dividíamos quarto com a Juju e a
Raquel. Fazíamos muitas brincadeiras, gritávamos e tomávamos bronca por causa
disto. Ela era a mais centrada, a que mais nos controlava, era a mais quieta, a
muda do "nosso time" (risos). A Rosa sempre foi muito arrumadinha,
organizada, vaidosa - provocou a melhor ponteira do mundial juvenil deste ano.
Mas não é apenas a ponteira do
Campinas que tem suas manias. Segundo ela, a amiga só não esquece a cabeça por
estar presa no pescoço.
- Ela é avoada, esquecida, vai para o
treino e esquece short, quando volta, esquece alguma coisa no ginásio. Ela é
meio fora do mundo. Não para de dar risada, ri de tudo, ela gosta de imitar
situações, de dançar. Às vezes, eu acordo quieta e ela não. Já acorda falando,
querendo conversar. Daí, eu falo "calma, Gabi" - rebateu Rosamaria.
E
o reencontro das duas já tem data, hora e local. Nesta terça-feira, o
vice-líder Rio de Janeiro, de Bernardinho, enfrenta o terceiro colocado
Campinas, de Zé Roberto, pela 11ª rodada da Superliga, no ginásio do
Maracanãzinho, às 21h30m. O SporTV transmite o duelo ao vivo.
Desconfortáveis com a situação incomum, as ponteiras garantem que esquecerão,
por algumas horas, o forte laço de amizade que as une. Mas só por algumas
horas.
- A gente acaba dando risada antes do
jogo. Para mim, é difícil enfrentá-la, pois não parece real. Ainda a vejo como
aquela amiga do juvenil, quando jogávamos juntas, não como uma adversária. Mas
nesta terça-feira, quero vencer. Amigas, amigas, jogos à parte - disse a
visitante.
- Somos muito amigas, nos falamos
sempre, temos a mesma idade, jogamos juntas. Mas, é claro, vou querer ganhar
dela na terça. Já mandei mensagem e disse que não vai ter molezinha não
(risos). Será um jogo muito bom. Depois, vamos sair juntas - completou Gabi.
Fonte: Site Globoesporte 17/12/2013
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