O prefeito de São Bernardo do Campo,
Luiz Marinho (PT), amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
diz que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB),
errou ao se desgarrar
do governo para disputar o Palácio do Planalto em 2014. Em entrevista ao
programa Poder e Política, da Folha e do UOL, Marinho relata que
ele, Lula e interlocutores do PT sinalizaram para Eduardo Campos que a melhor
opção para o socialista seria manter o apoio à reeleição de Dilma Rousseff em
2014 --e assim se qualificar para ser o candidato a presidente em 2018,
inclusive com o apoio do PT.
"Eduardo não teve a sabedoria e a
paciência de se colocar para suceder em 2018. Ele poderia estar muito bem colocado
nessa posição. Abriu mão, infelizmente", disse Marinho. O socialista
"poderia ser candidato ao Senado. E ter o nosso apoio para ser presidente
do Senado. Vir a ser ministro importante num segundo governo Dilma. Tinha um
monte de possibilidades colocadas. Mas preferiu raia própria. Na medida em que
disputa, vira adversário".
E quem fez as propostas para que
Eduardo Campos mantivesse o apoio ao governo Dilma com a possibilidade de ter o
apoio do PT para disputar o Planalto em 2018? "Eu disse publicamente isso.
Essa sinalização foi colocada para o Eduardo". Por Lula? "O
presidente Lula, a própria presidenta Dilma. Isso foi colocado", responde
o prefeito de São Bernardo. "Eu acho que ele errou".
Como o PT tem um histórico sofrível
quando se trata de ceder vagas em eleições importantes, as negociações não
prosperaram. Além disso, em política é muito difícil fazer uma promessa sobre
uma mercadoria a ser entregue só daqui a cinco anos. Marinho discorda.
"Não acho difícil. Nós temos convicção de que em algum momento o PT terá
que botar um partido aliado para governar o Brasil. Se nós queremos um projeto
de longo prazo, nós temos que partilhar isso com os aliados".
Essas declarações são um sinal de como
o PT ficou incomodado com a saída de Campos para a oposição. Revelam também um
receio que o partido tem a respeito de disputar um segundo turno contra o
pernambucano em 2014.
Em São Paulo, Marinho diz que foi
sondado para ser o candidato do PT a governador, mas afirmou preferir terminar
seu mandato como prefeito de São Bernardo. Na disputa paulista, acredita que o
tucano Geraldo Alckmin seja o favorito para ser reeleito, mas que o nome
pré-lançado pelo PT --o do ministro da Saúde, Alexandre Padilha--, estará no
segundo turno.
Sobre a influência negativa que o prefeito
de São Paulo, Fernando Haddad, terá nas disputas paulistas de 2014, Marinho
acha que os eleitores saberão diferenciar. O petista é aprovado por apenas 18%
dos paulistanos, segundo o Datafolha. Para Marinho, Haddad "vai
penar" até a metade de 2014 antes de começar a recuperar a popularidade.
Ex-presidente da CUT (Central Única
dos Trabalhadores), o prefeito de São Bernardo não acha que o direito de greve
deva ser absoluto. Por exemplo, ele se diz contra paralisações de policiais.
A
seguir, trechos da entrevista:
Mas não é melhor o PT pensar em se
renovar?
Mas tem espaço nos Estados, tem
possibilidades. Eu não estou dizendo que ele será o candidato em 2018, mas
depende das circunstâncias. Se a gente produz um quadro jovem em condições de
ser eleito presidente, caso a gente reeleja a presidenta Dilma, para dar
continuidade em 2018, é evidente que é muito provável que o próprio ex-presidente
[Lula] indique isso. Na medida em que o Eduardo não teve a sabedoria e a
paciência de se colocar para suceder em 2018, porque ele poderia perfeitamente
estar muito bem colocado nessa posição. Abriu mão dela, infelizmente.
O sr. está citando o governador de
Pernambuco, Eduardo Campos, que é o presidente nacional do PSB. O PT também
poderia ter feito alguma coisa, ou ainda pode fazer, para trazer Eduardo Campos
de volta?
Neste momento, acho difícil. O que
poderia ser feito? Nós não temos a mínima condição de tirar Michel Temer, do
PMDB, para botar Eduardo de vice, por exemplo.
Mas o Eduardo poderia perfeitamente, caso assim o desejasse, ser candidato ao Senado. E ter o nosso apoio para ser presidente do Senado. Vir a ser ministro importante num segundo governo Dilma. Tinha um monte de possibilidades colocadas. Mas o Eduardo preferiu a raia própria de disputar. Na medida em que disputa, vira adversário.
Mas o Eduardo poderia perfeitamente, caso assim o desejasse, ser candidato ao Senado. E ter o nosso apoio para ser presidente do Senado. Vir a ser ministro importante num segundo governo Dilma. Tinha um monte de possibilidades colocadas. Mas o Eduardo preferiu a raia própria de disputar. Na medida em que disputa, vira adversário.
O sr. acha que ele errou?
Eu acho que ele errou.
O sr. diz que em 2018 Eduardo Campos
poderia ser a opção no campo governista. É muito difícil acreditar que em 2018
o PT, se for reeleito, não teria candidato próprio e apoiaria um nome de outro
partido. O sr. não acha difícil fazer alguém acreditar nisso?
Não. Eu não acho difícil, não. Na
medida em que nós temos convicção de que em algum momento o PT terá que botar
um partido aliado para governar o Brasil. Se nós queremos um projeto de longo
prazo, nós temos que partilhar isso com os aliados.
Fonte:
Site Folha SP 11/12/2013
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