O governador Eduardo Campos (PSB-PE)
cortou o orçamento da Secretaria de Meio Ambiente para 2014 em Pernambuco, ano
em que pretende disputar as eleições tendo a ex-senadora Marina Silva como
aliada.
O corte vai na contramão do discurso
do governador desde que firmou a aliança com Marina, quando passou a reforçar a
divulgação de ações ambientais de sua gestão. A ex-senadora é militante
ambientalista.
O governo de Campos reservou R$ 92,4
milhões para a secretaria neste ano, um recuo de 7% em relação aos R$ 99,2
milhões gastos em 2013. Trata-se da primeira redução de recursos desde que a
pasta de Meio Ambiente foi criada no Estado, em 2011.
O
orçamento de Pernambuco para 2014 já foi votado no Legislativo e sancionado
pelo governador. O corte orçamentário em relação ao ano anterior não é linear.
No mesmo período, outras pastas
tiveram suas verbas ampliadas. A pasta da Educação tem previsão de gastar R$
500 milhões a mais do que foi executado em 2013. Na pasta de Desenvolvimento
Social, o avanço em 2014 chega a R$ 64 milhões.
A Secretaria de Meio Ambiente nega que
o corte irá afetar ações na área. "O governador, diante da dificuldade
econômica nacional e da redução de receita, estabeleceu metas para reduzir o
custeio e aumentar investimento", afirmou o secretário Sérgio Xavier (PV).
Amigo de Marina, ele teve um
papel-chave na aproximação do governador com a ex-senadora após o fracasso na
tentativa de viabilizar a Rede, partido idealizado por ela.
VITRINE
Desde a aliança com Marina, em
outubro, Campos vem tentando imprimir uma "roupagem verde" às ações
de seu governo.
O Estado, por exemplo, criou sua
primeira estação de monitoramento do ar no porto de Suape, fez um leilão de
energia solar e divulgou projeto com o objetivo de zerar emissões de carbono em
Fernando de Noronha.
"É fundamental o investimento em
tudo o que diz respeito ao cuidado com a questão ambiental", disse Campos
em outubro, ao apresentar o projeto para Noronha.
Para o ano eleitoral de 2014, o
governo prevê criar 118 unidades de conservação ambiental (hoje são 72 em
Pernambuco) e ampliar o monitoramento da qualidade do ar, entre outras ações.
A redução de recursos motivou críticas
do setor ambientalista. Para a bióloga Elisabete Braga, presidente da Sociedade
Nordestina de Ecologia, isso pode abrir precedente para novos cortes.
"A área de meio ambiente é sempre
prejudicada nos orçamentos. Isso diminui as possibilidades de execução de
projetos", afirmou.
O governo diz que irá reforçar o
orçamento da secretaria com verba de empresas a título de compensação ambiental
(leia texto nesta página). Esses recursos, contudo, são "carimbados":
só podem ser usados em unidades de conservação ambiental.
"Esse dinheiro a lei obriga para
ações de compensação ambiental. Outra coisa são os recursos para executar
projetos", disse a bióloga.
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