Herdeiros diretos dos partidos criados
durante o regime militar, PMDB e PP continuam mantendo a maior rivalidade
política de Santa Catarina.
Nas oito eleições para o governo do Estado desde
1982, peemedebistas e pepistas estiveram em lados opostos – em confrontos
disputados voto a voto em boa parte delas.
Reunidos na base do governador
Raimundo Colombo (PSD), os partidos vivem em 2014 a possibilidade real de
habitar pela primeira vez o mesmo palanque no Estado. O PP encaminhou em
dezembro do ano passado a intenção de apoiar a reeleição do pessedista,
estabelecendo como requisito a vaga de senador na chapa.
No PMDB, a permanência na coligação
que elegeu Colombo há quatro anos ou o lançamento de candidatura própria é o
tema de uma pré-convenção marcada para 26 de abril. Em todas as conversas dos
peemedebistas, um desconforto surge de pronto: a aliança com o rival histórico.
Defensor da manutenção do apoio a
Colombo, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) tocou no assunto logo no
primeiro evento que promoveu em defesa da aliança, dia 8 de março, em Sombrio,
no Sul do Estado.
– Temos um partido dividido, por causa
disso abrimos espaço para o PP negociar um apoio ao Colombo. Não podemos ressuscitar
aqueles que derrotamos quatro vezes – afirmou o senador para uma plateia de
militantes peemedebistas.
A ressurreição que Luiz Henrique
afirmou querer evitar foi interpretada de duas formas: a do PP como um todo,
derrotado pelo PMDB nas eleições de 1986, 1994, 2002 e 2006; e uma referência
velada ao rival Esperidião Amin (PP), ex-governador e hoje deputado federal.
LHS venceu Amin em duas disputas pelo
governo estadual e comandou a articulação que levou a vitória de Colombo contra
Angela Amin (PP) em 2010 – a quarta derrota dos Amin seria a de 1994, quando
Angela foi derrotada por Paulo Afonso.
– O Luiz Henrique não estava dizendo
que não queria o PP na chapa, mas que não queria abrir espaço para que eles
voltassem – afirma um aliado.
Inicialmente refratário à aliança com
Colombo, Amin tem medido as palavras, mas não perde a chance de provocar o
rival ao analisar a situação do PMDB na pré-convenção e a possibilidade de uma
coligação com os pepistas.
– Se eles concordarem com a aliança,
será nos termos do governador, não vão poder reclamar. Os manda-chuvas do PMDB,
como o Luiz Henrique, que não admitiam que o PP tivesse vez, também estarão
sendo derrotados – afirma.
Defensor da ampla aliança, o deputado
estadual Joares Ponticelli (PP) tem feito gestos ao PMDB desde a eleição
municipal de 2012, quando patrocinou o apoio dos pepistas à candidatura
derrotada de Edinho Bez (PMDB) à prefeitura de Tubarão, sua base eleitoral. No
ano seguinte, foi eleito presidente da Assembleia em acordo de divisão
de mandato com o peemedebista Romildo Titon.
– Temos um histórico de lutas em lados
opostos, mas, no centro dessa composição, está o governador Colombo, que tem
boas relações com os dois partidos e pode ser esse elo – acredita Ponticelli.
O vice-governador e presidente
estadual do PMDB, Eduardo Pinho Moreira, é menos otimista na avaliação. Ele
acredita que a consolidação da aliança pode rachar internamente os partidos.
– Inteiro ninguém vai entrar. Tem de
ser bem decidido, porque acaba prejudicando o entendimento. Vai ser ruim –
avalia.
Fonte: Site A Notícia 22/03/2014
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