Na TV, o "nós contra eles"
ganha tom administrativo. Pelas redes sociais, o ataque será mais direto. Em
ambas, o mesmo alvo: Marina Silva.
Preocupados com o avanço da
candidatura do PSB à Presidência, impulsionada pela comoção com a morte de
Eduardo Campos, PT e PSDB miram na curta experiência da ex-ministra do Meio
Ambiente como gestora e em suas restrições a setores como o agronegócio para
questionar sua capacidade de governar o país.
Apesar de negar mudanças na campanha,
desde a semana passada os comitês de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB)
estudam formas para neutralizar Marina. O senador Jorge Viana (PT-AC) foi um
dos que reconheceu a preferência por enfrentar Aécio no segundo turno:
— Poderíamos comparar facilmente
os oito anos do PSDB com os de governos do PT.
A força de Marina veio à tona
na primeira pesquisa após o desastre aéreo de Campos. Segundo o
Datafolha, ela está tecnicamente empatada com Aécio no primeiro turno (o tucano
tem 21% e a ex-senadora, 20%) e com Dilma no segundo (47% a 43% para a
ex-ministra). E levantamentos internos das siglas indicam que, na próxima
sondagem, os números de Marina podem ser ainda melhores.
A nova estratégia de petistas e
tucanos aposta em um tom temeroso pelo futuro do país caso Marina seja eleita.
Nesta quinta-feira, os programas de TV enalteceram as biografias de Dilma e
Aécio em cargos executivos, forma indireta de desqualificar Marina, que nunca foi
eleita para função nesta esfera.
Nas redes sociais, as militâncias
foram orientadas a explorar a "inexperiência" de Marina e
desconstruir o discurso da "nova política". As doações recebidas pelo
candidato a vice Beto Albuquerque da indústria das armas, bebidas e
agronegócio, em 2010, também estão no radar para neutralizar a candidatura do
PSB.
Até a morte de Eduardo Campos, o
cenário estava polarizado entre PT e PSDB. Veja a seguir os efeitos da entrada
de Marina Silva na campanha dos dois candidatos
Aécio: Até então considerado o
principal adversário de Dilma Rousseff na disputa presidencial, Aécio Neves
segue estável nas pesquisas, mas corre o risco de ficar de fora do segundo
turno. Segundo o Datafolha, há empate técnico entre Marina (21%) e Aécio (20%).
Antes, com Eduardo Campos como
candidato do PSB, o tucano tinha uma vantagem mais confortável, superior a 10
pontos percentuais, o que garantiria, em tese, disputa menos acirrada por vaga
no segundo turno.
O novo cenário fez Aécio buscar, na
quarta-feira, aconchego no Centro-Oeste, coração do agronegócio, setor com o
qual Marina cultiva divergências. A campanha também decidiu reforçar as agendas
do candidato no Norte e Nordeste e, ainda, badalar os dois mandatos de Aécio
como governador em Minas.
Dilma: Líder nas pesquisas com
estáveis 36%, segundo pesquisas recentes, Dilma Rousseff vê mais difícil uma
possível vitória em primeiro turno com a entrada de Marina. Afinal, agora são
três candidatos com mais de 20%.
Em eventual segundo turno, o Datafolha
aponta empate técnico entre Marina e Dilma: 47% a 43% para a candidata do PSB.
Se o adversário for Aécio, a petista lidera com 47% a 39%. Apesar da
rivalidade, o PT prefere enfrentar o tucano do que desafiar a ex-senadora.
Para disparar na disputa, o partido confia
no vasto tempo de propaganda, principalmente na TV, que permite mostrar avanços
sociais e grandes obras do governo.
E,
claro, no apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve Dilma e
Marina como ministras, mas só endossa a candidatura da atual presidente.
Fonte: Site O Globo 20/08/2014
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