Os ataques entre os candidatos
marcaram o primeiro debate presidencial do segundo turno entre Aécio Neves
(PSDB) e Dilma Rousseff (PT), na noite desta terça-feira (14), na TV
Bandeirantes. O G1 acompanhou em tempo real.
Por mais de uma vez, Aécio acusou
Dilma de mentir. Afirmou que ela é "desinformada" e
"leviana". Dilma disse que o adversário beneficiou um parente na
construção de um aeroporto regional e apontou "nepotismo" do tucano.
Logo no primeiro bloco, Dilma
responsabilizou o governo de Aécio em Minas pelo "desvio" de R$ 7,6
bilhões na saúde. De acordo com a petista, o valor está descrito na página do
Tribunal de Contas de Minas Gerais na internet. Aécio rebateu, dizendo que teve
todas as contas aprovadas pela Corte. “A senhora está desinformada. Todas as
nossas contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas”, afirmou Aécio.
O candidato tucano também disse ser
atacado constantemente por Dilma durante a campanha e perguntou se ela não se
arrepende dos "ataques tão violentos e tão crueis" aos adversários.
“Quem faz ataques é o senhor. Vocês
distorcem. Dizem que foram os pais do Bolsa Família [...]. Nos bancos públicos,
seu candidato a ministro da Fazenda diz que temos que mudar e no final diz que
não sabe o que vai fazer com bancos públicos”, declarou Dilma. “A senhora
deturpa aqui palavras do Arminio Fraga. O que vamos dar aos bancos públicos é
transparência”, rebateu Aécio.
No segundo bloco, Aécio perguntou a
Dilma sobre inflação. Ele disse que o governo perdeu o controle da inflação,
que, segundo o tucano, cresceu durante o governo dela. "Como é que querem
que eu acredite que, com o mesmo cozinheiro, vocês vão entregar a mesma
receita?", indagou a presidente, em referência ao economista Armínio
Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso,
antecipado por Aécio como futuro ministro da Fazenda caso ele ganhe a eleição.
Dilma afirmou ter certeza de que, até o fim do ano, a inflação estará em 6,5%,
dentro da meta.
Aécio se disse
"impressionado" com a "obsessão" de Dilma por Fraga.
"Felizmente já tenho um nome que sinaliza para a previsibilidade na nossa economia",
declarou. "Para quem a previsibilidade? Previsibilidade para ter a maior
taxa de desempregados, em 2002? Previsibilidade com desemprego?",
questionou a candidata.
Aécio respondeu dizendo que Dilma
insiste em olhar pelo retrovisor. "Seu governo chega ao final de forma
melancólica", afirmou o tucano, para quem a rival "falta com a
verdade".
Os dois também se confrontaram em
relação ao tema corrupção, levantado por Aécio, que fez referência ao escândalo
da Petrobras.
"É fundamental que saibamos tudo
sobre esse processo da Operação Lava Jato", afirmou a candidata. Ela disse
que o governo aprovou leis para aprofundar as investigações sobre corrupção.
Aécio questionou Dilma sobre a demissão do ex-diretor da Petrobras Paulo
Roberto Costa, preso pela Polícia Federal e disse que ele recebeu elogios ao
deixar a empresa.
Dilma pediu explicações a Aécio sobre
o aeroporto no município de Claudio (MG), construído em um terreno que
pertenceu a um tio do candidato. Aécio disse que queria falar nos olhos da
candidata e afirmou: "A senhora está sendo leviana, leviana." Segundo
ele, a obra foi feita em uma área desapropriada e disse que, até hoje, o tio
reclama do valor estipulado para a indenização. "O Ministério Público
Federal disse que a obra é correta", argumentou.
A petista apontou prática de nepotimo
do rival e afirmou que Aécio emprega irmão, tia, tio e três primos no governo
de Minas Gerais. "No governo federal, não tem um parente meu",
declarou.
O tucano replicou, afirmando que a
adversária mente. "A sua propaganda é só mentira. Não pode ser esse
vale-tudo. Eleve o nível do debate", declarou Aécio, que afirmou que o
atual governo virou um "mar de lama".
Cuba
também foi motivo de confronto entre os candidatos. Aécio criticou o
financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
de um porto em Cuba. "Por que a senhora não tira o caráter secreto desse
financiamento?", indagou. Dilma respondeu dizendo que o financiamento não
foi para Cuba, mas para empresas brasileiras que atuam nas obras do porto.
A petista afirmou que a fala do
adversário adentrava "o perigoso terreno da lenda" depois de Aécio
afirmar que o programa Bolsa Família teve origem em ações do governo Fernando
Henrique Cardoso.
Para o tucano, os "pais" do
programa são FHC e a ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Segundo Aécio, o
"DNA" do Bolsa Família está nos governos do PSDB. "Isso é
fabulação", contestou Dilma. Noutro bloco, a candidata afirmou: "O
senhor está inventando uma história que não existe. O Bolsa Família não tem
nenhum parentesco com os programas dos governos tucanos"
Sobre creches, o candidato do PSDB
afirmou que a rival não cumpriu promessa de construir 6 mil unidades.
"Essa história das creches está muito mal contada. O senhor não entende
dessa questão", disse a petista. Segundo ela, as creches são feitas em
parcerias com os municípios, que recebem recursos federais para isso.
"Nenhum dos governos tucanos fez creches em número suficiente para as
crianças brasileiras. Acho estarrecedor o senhor vir falar sobre esse tema",
disse.
Dilma afirmou que Aécio não pode
argumentar com pesquisas para dizer que está à frente na campanha eleitoral -
antes o tucano tinha feito referências a pesquisas recentes. "O senhor
perdeu a eleição [no primeiro turno]", disse. "Todas as eleições que
eu disputei em Minas eu ganhei", declarou Aécio.
Ao indagar o adversário sobre emprego,
a candidata à reeleição disse que conseguiu preservar postos de trabalho
enquanto o desemprego aumentava em outros países. "Candidata, a senhora
volta com o discurso do medo. A grande verdade é que os empregos estão indo
embora porque país que não cresce não gera emprego", argumentou Aécio.
Considerações finais:
Aécio Neves foi o primeiro a fazer as
considerações finais, no último bloco. O tucano disse que os últimos dias foram
de muita emoção. Ele disse que honra Renata Campos, viúva de Eduardo Campos,
candidato a presidente que morreu em agosto, e a Marina Silva, que o substituiu
e terminou o primeiro turno em terceiro lugar. "Me preparei para dar aos
brasileiros um governo honrado e eficiente", afirmou.
Dilma afirmou que os brasileiros devem
se perguntar quem tem "mais capacidade e experiência" para garantir
avanços e quem tem "compromisso verdadeiro" com os trabalhadores. A
presidente destacou a importância da educação, da garantia de segurança pública
e de mais especialidades médicas no Sistema Único de Saúde (SUS). "Peço
humildemente o seu voto", concluiu.
Fonte: Site O Globo 15/10/2014
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