O presidente nacional do PSTU e
candidato do partido ao Palácio do Planalto, Zé Maria, anunciou nesta
sexta-feira (10), por meio de nota oficial,
que sua legenda não apoiará nenhum
candidato no segundo turno da eleição presidencial. Zé Maria afirmou entender
“as razões que levam ainda muitos trabalhadores a acharem que é melhor votar em
Dilma para derrotar Aécio Neves”, mas recomendou que a militância do PSTU anule
o voto.
Segundo o dirigente partidário, sua
sigla defende “um programa operário e socialista para o país”, e o segundo
turno “será disputado por dois candidatos – Dilma Rousseff (PT) e Aécio
Neves (PSDB) – que não defendem este programa”. Zé Maria terminou o
primeiro turno na oitava colocação na corrida pela Presidência, com 91.209
votos – 0,09% dos votos válidos.
"Queremos expressar claramente a
opinião do nosso partido pelo voto nulo e as razões pelas quais a
adotamos", escreveu Zé Maria no comunicado divulgado nesta sexta.
Até a última quinta-feira (9), quatro
partidos haviam anunciado apoio ao presidenciável do PSDB no segundo turno:
PPS, PV, PSC e PSB. Já o PSOL indicou aos seus militantes voto nulo, em branco
ou em Dilma.
Leia abaixo a íntegra da nota
divulgada por Zé Maria:
POSIÇÃO DO PSTU NO SEGUNDO
TURNO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
ABAIXO,
DECLARAÇÃO DE ZÉ MARIA, PRESIDENTE NACIONAL DO PSTU E O CANDIDATO DO PARTIDO
QUE DISPUTOU O 1° TURNO DAS ELEIÇÕES, SOBRE O 2° TURNO.
Diante de um segundo turno disputado
por um candidato do PSDB – representante maior dos bancos e das grandes
empresas em nosso país – e uma candidatura do PT, nós entendemos as razões que
levam ainda muitos trabalhadores a acharem que é melhor votar em Dilma para
derrotar Aécio Neves, e respeitamos, obviamente, a opinião de todos que pensam
assim.
Mais que isso, queremos estar juntos
com estes e com todos os trabalhadores nas lutas que teremos pela frente para
defender nossos direitos e melhores condições de vida para nosso povo. No
entanto, queremos expressar claramente a opinião do nosso partido pelo voto
nulo e as razões pelas quais a adotamos.
O PSTU lançou candidatos às eleições
para defender um programa operário e socialista para o país. Um programa para
garantir o atendimento das demandas necessárias para assegurar vida digna para
os trabalhadores e o povo pobre - saúde, educação, moradia, transporte,
aposentadoria, reforma agrária, emprego e salário digno para todos. Para
assegurar o respeito aos direitos das pessoas LGBT, o fim da discriminação e do
machismo contra as mulheres e do racismo contra negros e negras. Que ponha fim
à violência e à criminalização da pobreza e das lutas dos trabalhadores e da
juventude brasileira.
Um programa que, para atingir estes
objetivos, avança em medidas para colocar fim ao controle que os bancos, as
empreiteiras, as multinacionais e as grandes empresas têm sobre nosso país,
pois esta é a única forma de acabar com a injustiça e a desigualdade.
O segundo turno das eleições será
disputado por duas candidaturas que não defendem este programa. Aécio Neves, do
PSDB é o representante direto dos bancos e das grandes empresas que controlam o
país. Seu governo seria a expressão clara do retrocesso, da volta de um governo
que, como FHC, privatizou, entregou o patrimônio do Brasil às multinacionais e
atacou duramente os direitos dos trabalhadores. De governos como o de Geraldo
Alckmim de São Paulo e de Anastasia em Minas Gerais, onde a brutalidade e a
violência policial é a única resposta às demandas dos trabalhadores, do povo
pobre e da juventude a brutalidade policial.
A continuidade do governo do PT, com
Dilma Roussef, tampouco vai trazer as mudanças que os trabalhadores e a
juventude brasileira querem, para terem uma vida melhor. Depois de 12 anos de
governo petista, é forçoso reconhecer que este partido tem governado
privilegiando os mesmos interesses que o governo anterior. Ao buscar uma
aliança com os bancos e grandes empresas para governar (representados pelos
Sarney’s, Collor’s e Maluf’s da vida), o PT não mudou nem vai mudar o país.
O Bolsa Família, apresentado como
prioridade do governo petista, pois destinado a combater a pobreza, leva do
orçamento do país cerca de 24 bilhões de reais/ano. Já o Bolsa Banqueiro –
recursos públicos que saem do mesmo orçamento para engordar os lucros dos
bancos e especuladores do mercado financeiro – chega a 900 bilhões de
reais/ano. Ou seja, a prioridade, de fato, segue sendo os bancos e não os
pobres.
Pelo contrário, com a desaceleração da
economia que estamos assistindo – o PIB do país deve crescer menos de 1% este
ano – o que está em preparação desde já são mais ataques aos direitos dos
trabalhadores. É o aumento do preço da gasolina (e aumento de preços que vêm em
cascata toda vez que aumenta a gasolina), aumento da tarifa de luz,
continuidade das privatizações, como o recente leilão do Campo de Libra; o que
se prepara é mais subsidio para os bancos e grandes empresas, e não medidas que
impeçam o crescimento de desemprego.
Vai ser assim em um eventual governo
do PSDB, mas infelizmente, pelo que se viu nos últimos doze anos, também em um
governo do PT. A experiência do povo brasileiro com os governos do PSDB e
também com os governos do PT não dá base para que se tenha ilusão de que o
resultado destas eleições mude o país e acabe com as mazelas que afligem nossa
vida cotidianamente. Pelo contrário, os trabalhadores e a juventude devem se
preparar para a luta em defesa de seus direitos e interesses. É nas lutas que
vamos mudar o Brasil para assegurar vida digna para os trabalhadores e o povo
pobre.
O PSTU acredita, como dissemos no
primeiro turno, que o voto é um gesto político, fortalece quem o recebe. E –
por tudo que está dito acima – nossa opinião é que não podemos fortalecer
nenhuma das alternativas que estão disputando o segundo turno. Por esta razão,
nossa opinião é que o voto certo no segundo turno é o voto nulo, e que sim,
precisamos fortalecer cada vez mais a organização e a luta dos trabalhadores e
a juventude, pois é na luta que reuniremos condições para mudar nosso país. É
esta opinião que levamos aos milhares de trabalhadores e jovens que nos
acompanharam na primeira fase das eleições.
SAUDAÇÕES SOCIALISTAS
ZÉ MARIA, PRESIDENTE NACIONAL DO PSTU
Fonte:
Site Globo.com 10/10/2014
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