A presidente Dilma Rousseff afirmou em
entrevista ao Grupo de Diários América (GDA), publicada neste domingo (22) pelo
jornal "El Mercurio", do Chile, que o Brasil não vive "crise de
corrupção", ao comentar as denúncias de irregularidades na Petrobras
investigadas pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.
Segundo o jornal, a presidente
concedeu a entrevista por ter recebido o prêmio "Personagem
Latino-americana de 2014" pelo GDA. Na edição deste domingo, o jornal diz
que a escolha ocorreu antes do anúncio de Estados Unidos e Cuba da retomada das
relações diplomáticas entre os dois países – a publicação não explicita, porém,
se o título seria dado a outra pessoa.
As suspeitas de irregularidades na
Petrobras foram apontadas pela PF na Lava Jato, deflagrada em março deste ano
para apurar esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.
As investigações resultaram na descoberta de um esquema de desvio de dinheiro e
superfaturamento em obras da estatal.
"O Brasil não vive uma crise de
corrupção, como dizem alguns. Nos últimos anos, começamos a pôr fim a um largo
período de impunidade. Isso é um grande avanço para a democracia
brasileira", disse a presidente, após ser questionada sobre se o escândalo
na Petrobras pode afetar a estabilidade política necessária para o segundo mandato.
Indagada sobre como é possível liderar
uma campanha anticorrupção "séria" se o PT é o
"protagonista" do escândalo da petrobras, Dilma ressaltou que as
suspeitas da Polícia Federal são de que o esquema na estatal começaram antes do
governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Como já disse, é a Polícia
Federal do meu governo que conduz as investigações sobre a corrupção na
Petrobras. Foram essas investigações que levaram ao desmantelamento de um
esquema do qual se suspeita que tem décadas de existência, com anterioridade
aos governos do PT", afirmou.
Dilma disse estar
"indignada" com as denúncias que envolvem a estatal e ressaltou que
os brasileiros também sentem-se desta forma. A presidente afirmou querer que os
responsáveis pelos desvios de recursos na empresa sejam "castigados".
A presidente disse também que no
Brasil não há "intocáveis" e, como fez em diversas vezes nos últimos
meses, defendeu as ações de combate à corrupção adotadas pelo governo e
ressaltou ser um compromisso da atual gestão o combate à impunidade.
"Quero ressaltar que somos nós,
do meu governo, que temos liderado o processo contra a impunidade no Brasil,
pondo fim a uma era de ilícitos que se ocultavam debaixo do tapete. Eu mesma
despedi, três anos antes das investigações, o diretor [Paulo Roberto Costa] que
confessou diante da Justiça a confirmação do esquema de desvio de dinheiro na
Petrobras", disse.
EUA e Cub:
Na entrevista, Dilma também foi
questionada sobre o anúncio feito por EUA e Cuba pela retomada das
relações diplomáticas entre os dois países depois de 53 anos. A presidente
afirmou que a aproximação terá impacto "forte e positivo" em toda a
América Latina.
"É uma expressão de que isso já
poderá se constatar na Cúpula das Américas, em abril, no Panamá. O encontro e o
aperto de mãos de [Raúl] Castro e [Barack] Obama será o símbolo de que algo
novo está ocorrendo no nosso continente", disse.
Fonte:
Site O Globo 21/12/2014
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