Mais seis testemunhas foram ouvidas no
processo contra duas construtoras nas investigações da Operação Lava Jato.
O doleiro Alberto Youssef, acusado de
ser um dos operadores do esquema de corrupção na Petrobras, disse, em um dos
depoimentos feito em outubro do ano passado, que o ex-ministro José Dirceu recebia
dinheiro de propina pago por empreiteiras.
Alberto Youssef detalhou a operação da
divisão do dinheiro de propina em depoimento feito em acordo de delação premiada.
Segundo ele, parte do dinheiro era
entregue a um funcionário de Júlio Camargo, em São Paulo, para pagamentos da
Camargo Corrêa e da Mitsue Toyo ao Partido dos Trabalhadores.
De acordo com Youssef, as pessoas
indicadas para receber o dinheiro eram José Dirceu e o tesoureiro do PT, João
Vaccari Neto.
No Rio de Janeiro, o dinheiro era
entregue para Renato Duque, ex-diretor de serviços, e alguns empregados da
estatal, como o ex-gerente Pedro Barusco.
Youssef afirma que esses pagamentos
foram feitos entre o final de 2005 e 2012, e que teriam movimentado em torno de
R$ 27 milhões para o PT e para a diretoria de serviços comandada por Renato
Duque.
O doleiro diz que foram pagos R$ 13
milhões em 2010 ou 2011 para o Partido Progressista, para o ex-assessor do partido,
João Claudio Genu e para Paulo Roberto Costa.
O nome do tesoureiro do PT, João
Vaccari Neto, também é citado pelo doleiro como destinatário de um pagamento
que teria sido feito pela Toshiba em 2009 ou 2010 em uma obra da Petrobras no
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Dois pagamento teriam sido feitos em
um total de R$ 800 mil. Uma das parcelas, de R$ 400 mil, foi entregue, segundo
Youssef, a uma emissária de Vaccari, Marice, em seu escritório em São Paulo.
Marice Corrêa de Lima é cunhada de Vaccari.
Também em delação premiada, o ex-diretor
Paulo Roberto Costa citou políticos: disse que o ex-deputado federal pelo PP,
Pedro Correa, condenado no Mensalão, recebeu R$ 5,3 milhões em 2010. Outro
político citado pelo ex-diretor é o ex-deputado federal Cândido Vacarezza, do
PT.
Segundo ele, Jorge Luz, um lobista do
Rio de Janeiro disse que Vaccarezza iria receber R$ 400 mil referentes a um
contrato fechado entre a empresa Sargent Marine e a Petrobras.
Na sexta-feira (13), será feita a
última audiência da primeira fase de depoimentos à Justiça. Serão ouvidas
testemunhas de acusação no processo que tem como um dos réus o ex-diretor da
área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró. O ex-diretor de abastecimento,
Paulo Roberto Costa, é um dos convocados para depor.
Júlio Camargo, José Dirceu, Cândido
Vacarezza e a Camargo Corrêa repudiaram com veemência as declarações de Alberto
Youssef. A Toshiba informou que os contratos com a Petrobras são resultado de
licitações legais e a Mitsui-Toyo não foi encontrada para comentar as
denúncias.
Os advogados do ex-deputado federal,
Pedro Correa e de Renato Duque disseram que os seus clientes não receberam
dinheiro ilícito. O secretário nacional de Finanças do PT, João Vaccari Neto,
negou que ele e sua cunhada tenham recebido qualquer quantia em dinheiro por parte
de Alberto Youssef, e que o doleiro mente.
O Partido dos Trabalhadores declarou
que todas as doações recebidas pelo partido são feitas na forma da lei e
declaradas à Justiça. O Partido Progressista só vai se posicionar depois de
tomar conhecimento oficial sobre os depoimentos.
Fonte: Site Globo.com 13/02/2015
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