O número de partidos políticos que
podem disputar as eleições no Brasil poderá dobrar nos próximos anos se todos
os grupos que estão mobilizados para criar novas siglas tiverem sucesso.
Existem hoje 30 partidos no país e
pelo menos outros 31 em gestação, incluindo o novo partido da ex-senadora
Marina Silva, agrupamentos de extrema esquerda e até uma sigla monarquista.
A maioria desses grupos começou a se
organizar depois de 2007, quando uma resolução do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) passou a ameaçar os políticos que mudam de partido com a perda de
seus mandatos.
Mas a legislação permite que políticos
troquem de camisa se for para criar um novo partido, e desde então três siglas
foram criadas --o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab e os nanicos PPL e PEN.
Como o partido de Kassab, que nasceu
de uma costela do DEM, alguns dos novos partidos tentam atrair políticos
insatisfeitos que temem ficar sem espaço nas legendas tradicionais nas próximas
eleições, em 2014.
"Já almocei com mais de 20
deputados que mostraram interesse em se filiar ao nosso partido", afirmou
o presidente do PROS (Partido Republicano da Ordem Social), Eurípedes Junior.
Ele diz ter como bandeira a redução
dos impostos e afirma contar com 400 mil das 500 mil assinaturas exigidas para
registro de novas siglas. Eurípedes espera obter até junho deste ano o registro
definitivo do TSE.
O presidente do PEC (Partido da
Educação e Cidadania), Ricardo Holz, também diz que foi procurado por deputados
federais. "Disseram claramente que queriam uma legenda para facilitar a
eleição em 2014", afirmou.
O prazo para registro dos partidos que
poderão participar das eleições de 2014 termina em outubro. Mesmo sem
representação no Congresso, as novas legendas ganham acesso aos recursos do
Fundo Partidário.
Formado por verbas do Orçamento da
União, o fundo distribuiu R$ 350 milhões no ano passado. A sigla que menor
fatia recebeu foi o recém-criado PPL (Partido Pátria Livre), que teve R$ 605
mil.
Alguns dirigentes reclamam da competição.
O presidente do PF (Partido Federalista), Thomas Korontai, disse ter perdido
militantes que já tinham conseguido um número razoável de assinaturas.
"Tinham uma liderança, colheram
assinaturas e foram cooptados por outros políticos locais", disse. Ele já
tem registro em dois Estados, mas faltam sete para ir ao TSE.
Das 31 legendas hoje em gestação, oito
começaram a se organizar após a criação do partido de Kassab, único dos
agrupamentos nascidos nos últimos anos com força para influir no jogo político.
O PSD, cujo registro foi aprovado em
2011, controla a quarta maior bancada da Câmara dos Deputados e absorveu
recursos do Fundo Partidário e tempo de propaganda na televisão que pertenciam
ao DEM e de outras siglas.
O presidente do PEN (Partido Ecológico
Nacional), Adilson Barroso, diz que seu telefone não para de tocar, com
políticos interessados em se filiar antes das próximas eleições. "Estou
até rouco", afirmou o dirigente.
A sigla tem atualmente apenas um
deputado federal, e Barroso diz que gostaria de convencer Marina Silva a
disputar a eleição presidencial pelo partido. "O nosso foco é
sustentabilidade", disse.
Marina deve iniciar no próximo dia 16
o processo de formação de sua nova sigla. Para o presidente do PEN, ela não
terá como atingir seu objetivo a tempo de participar das eleições de 2014.
Fonte: Site Folha de São Paulo 12/02/2013
Nenhum comentário :
Postar um comentário