O senador Renan
Calheiros (PMDB-AL) foi eleito nesta sexta-feira presidente do Senado.
Ele substituirá o companheiro de
partido José Sarney (AP) e presidirá a casa legislativa por dois
anos. Calheiros, eleito em meio a denúncias do procurador-geral da República,
obteve 56 votos, contra 18 do senador Pedro
Taques (PDT-MT). Houve dois votos em branco e dois nulos.
Ao todo, 78 dos 81 senadores participaram da votação. Antes da eleição,
senadores falaram na tribuna do Senado, manifestando opiniões contrárias e
favoráveis a Calheiros. Colega de partido do novo presidente da Casa, o
gaúcho Pedro Simon afirmou que, em razão das denúncias envolvendo o
seu nome, Calheiros não deveria ter se candidatado.
— Não sou íntimo de Renan. Mas, se
fosse, eu lhe diria: não se meta nisso — disse Simon, que também criticou os
colegas de plenário por não fazerem silêncio durante os discursos.
O ex-presidente da
República Fernando Collor (PTB-AL) tentou desqualificar a figura do
procurador-geral Roberto Gurgel e dizer que ele não pode apresentar
denúncias contra Calheiros:
— [Gurgel] é prevaricador, chantagista
e sem autoridade moral — disse.
Em seu discurso, antes da votação,
Pedro Taques se apresentou como perdedor. Disse que a vitória de Renan estava
garantida e mas insistiu na importância moral da sua candidatura, citando
"perdedores" como o Apóstolo Paulo e Tiradentes.
— Sou o candidato do PDT, do PSOL, do
PSB, do DEM, do PSDB e de corajosos senadores de outras legendas que não se
submeteram. Nós, os que vamos perder, saudamos a todos com a dignidade
intacta — disse.
Na sua vez de falar, Calheiros se
concentrou nas suas propostas para o exercício da presidência, entre elas a
criação de um "banco de dados federativo" para auxiliar os senadores
no conhecimento de assuntos relacionados aos Estados e ao DF. Prometeu criar
uma Secretaria da Transparência, sem custo adicional para a Casa,
e afirmou que pretende resgatar o papel do Senado como espaço legislativo
e desburocratizado.
— Se no passado nós fomos capazes
de remover o entulho autoritário, vamos remover o entulho burocrático do Brasil
— disse.
Antes da votação, José Sarney fez o
seu último discurso como presidente do Senado. Ele avisou, no começo, que a
fala seria longa, pedindo desculpas aos colegas senadores, e em seguida
enumerou todas as realizações no comando da Casa.
Dança
das cadeiras
Os nomes dos candidatos à presidência
do Senado são indicados pelas bancadas partidárias. A prioridade na
escolha do cargo está vinculada ao número de senadores diplomados, por bancada,
nas últimas eleições. Dessa forma, cabe ao PMDB a indicação do presidente.
Desde 2003, o comando do Senado é
praticamente uma dança das cadeiras entre Sarney e Calheiros, que presidiram a
casa quase de modo ininterrupto. No quesito originalidade, o Senado merece nota
zero. Com o retorno de Renan à cadeira de presidente nesta sexta, se completará
mais de uma década sem que ele ou José Sarney estejam fora da presidência da
Casa. A única exceção é Garibaldi Alves, em 2007: mas ele só foi eleito
porque o alagoano renunciou para salvar o próprio mandato.
Fonte: Site Jornal A Notícia 01/02/2013
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