O ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso entrou em campo para demover o ex-governador paulista José Serra da
tentação de trocar o PSDB pelo recém-criado MD (Mobilização Democrática), fruto
da fusão do PPS com o PMN.
Numa conversa com Serra, FHC disse que
uma migração para o MD seria desvantajosa e apontou várias razões. Segundo
relatos do ex-presidente a seus interlocutores, um dos argumentos foi que Serra
ficaria desconfortável ao subir num palanque adversário de aliados históricos
como o senador Aloysio Nunes Ferreira e o próprio FHC.
Ele alegou ainda que somente no PSDB
Serra teria alguma chance de concretizar seu sonho de concorrer novamente à
Presidência, em caso de desistência do senador mineiro Aécio Neves, hoje o
favorito dentro do partido.
O ex-presidente também procurou
integrantes do extinto PPS na tentativa de impedir que o comando do novo
partido ofereça vantagens a parlamentares tucanos produzindo desfalques no
PSDB.
Na conversa, FHC teria alegado que
Serra não tem como fazer oposição a Geraldo Alckmin. Segundo seus aliados,
Serra tem manifestado a disposição de apoiar a reeleição do governador qualquer
que seja seu destino político.
Mas aliados afirmam que o Palácio dos
Bandeirantes tem contribuído para o desconforto de Serra no PSDB. Segundo eles,
o ex-governador ficou inseguro depois que três secretários estaduais
trabalharam contra o vereador Andrea Matarazzo, de quem é amigo, na disputa
pelo controle do diretório municipal do partido em São Paulo.
A manobra ocorreu horas após Alckmin
garantir a líderes partidários que Matarazzo seria eleito. O mal-estar foi
recebido por Serra como prova da hostilidade de uma ala do partido a seu grupo
e um incentivo para que ele deixe os tucanos e vá para o MD.
O comando do MD quer explorar a
oportunidade para pressionar Serra. Mas o ex-governador de São Paulo não dá
sinais claros de que tenha tomado uma decisão. Em conversas reservadas, ele
demonstra medo do desconhecido. A legislação eleitoral permite que Serra adie a
definição até setembro, se quiser concorrer a algum cargo nas eleições do ano
que vem.
Fonte:
site Folha SP 19/04/2013
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