Anarco-comunismo é a vertente
do comunismo adotada pela tradição teórica de alguns
autores anarquistas.
Num regime comunista libertário, a propriedade
privada e o Estado seriam abolidos e a sociedade seria organizada
através de federações de trabalhadores que gerenciariam a produção e todas as
esferas de decisão por meio da democracia direta. O dinheiro seria
abolido, e valeria a máxima de "cada um de acordo com suas
capacidades, a cada um de acordo com suas necessidades".
A denominação foi criada após a cisão
da primeira Associação Internacional de Trabalhadores (AIT)
entre socialistas autoritários, tendência encabeçada por Karl Marx,
e socialistas libertários, cujo maior expoente era Bakunin. No entanto,
ambas as denominações foram inventadas pelo grupo de Bakunin, sem que os
marxistas jamais aceitassem o rótulo de "autoritários".
O comunismo libertário foi
inicialmente formulado pela seção italiana da Associação
Internacional dos Trabalhadores, por Carlo Cafiero, Errico Malatesta,
Andrea Costa e outros ex-republicanos Mazzinistas. Em respeito
a Mikhail Bakunin, eles não revelaram explicitamente sua discordância com
o anarquismo mutualista de Pierre-Joseph Proudhon até a
morte de Bakunin.
Enquanto Proudhon era a favor da
propriedade individual sobre o produto do próprio trabalho, salários e um
mercado de trocas, os comunistas libertários se opuseram à propriedade
individual do produto do trabalho e se colocaram a favor da abolição dos salários e
do valor de troca.
Cafiero explica em Anarchie et
Communisme que a propriedade privada derivada do trabalho leva à
acumulação desigual do capital, e portanto a condições sociais distintas, o que
seria indesejável. Joseph Déjacque criticou Proudhon diretamente,
afirmando que "não é ao produto do seu trabalho que a/o trabalhador(a) tem
direito, mas à satisfação de suas necessidades, sejam de que natureza
forem."
Em 1876, na Conferência da
Federação Italiana da AIT em Florença (que na verdade foi realizada
numa floresta fora da cidade, por causa da repressão policial), eles declararam
os princípios do comunismo libertário, começando com:
"A Federação Italiana considera a
propriedade coletiva dos produtos do trabalho como o complemento necessário ao
programa coletivista, o auxílio de todos para a satisfação das necessidades de
cada um sendo a única regra de produção e consumo, o que corresponde ao
princípio da solidariedade."
Tentativas históricas de implantar o
Comunismo Libertário:
Revolução
Ucraniana:
A primeira tentativa de implantação do
Comunismo Libertário deu-se durante a Revolução
Russa de 1917-1921, na região onde atualmente localiza-se
a Ucrânia. O movimento iniciou-se no vilarejo de Gulai-Polé, sob a
influência de Nestor Makhno, e se alastrou pelas regiões vizinhas
de Aleksandrovsk até alcançar Kiev.
A guerrilha Makhnovista estimulou a
realização de congressos campesinos para a tomada de decisões sobre a
comunidade, e dividiu as terras dos grandes latifundiários entre os camponeses
pobres.
Revolução
Espanhola
O comunismo libertário foi praticado
durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), nas regiões dominadas
pela República Espanhola, em especial na Catalunha e
em Aragão, que eram redutos anarquistas. Apenas em Aragão, havia mais de
400 coletividades autogeridas, que abarcavam campos, aldeias e vilas.
Nesses territórios emancipados foi
adotado o uso comum dos meios de produção, de troca e
de consumo, com regulamentações de tipo coletivista para
os produtos escassos, e distribuições de tipo comunista libertário
para os de maior quantidade.
Fonte:
Wikipédia
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