Como o voto ainda é secreto, nunca se
terá certeza do que realmente ocorreu na noite de quarta-feira em Brasília,
quando a Câmara dos Deputados decidiu não cassar o mandato de Natan
Donadon (ex-PMDB de Rondônia).
Os parlamentares catarinenses ouvidos
pelo DC dizem ter votado pela cassação. Um deles, o deputado Jorginho Mello
(PR), garante até que fotografou o voto para não restar nenhum tipo de
dúvida.
Dois integrantes da bancada na Câmara
- SC tem 16 deputados em Brasília - não votaram. Marco Tebaldi (PSDB) e Pedro
Uczai (PT) registraram presença na sessão, mas saíram do plenário antes da
votação porque tiveram de retornar ao Estado mais cedo. O tucano diz que tinha
compromissos particulares em
Joinville. O petista tinha uma consulta médica em Chapecó. Querendo
ou não, os dois catarinenses contribuiram com o placar que favoreceu Natan
Donadon, já que faltaram 24 votos para a cassação.
Veja o que disseram 13 dos 16
deputados catarineses. A reportagem não localizou Carmen Zanotto (PPS), Edinho
Bez (PMDB) e Rogério Peninha Mendonça (PMDB).
OPINIÃO:
"Acho
que ainda não caiu a ficha para alguns parlamentares. Isso vai ficar marcado
como uma passagem negra para a história da Câmara."
Celso
Maldaner (PMDB)
"É
impossível. Não se tem notícia de que alguém possa exercer qualquer tipo de
atividade na vida preso, não só de deputado, logo se impõe a perda do
mandato."
Décio
Lima (PT)
"Votei
pela cassação na Comissão de Constituição e Justiça. Atribuo esse resultado
desastroso a três coisas: a evasão dos deputados, ao voto secreto e ao
interesse político dos implicados no mensalão. Vamos ter que reagir e colocar
na pauta o voto aberto em caso de cassação."
Esperidião
Amin (PP)
"Na
Câmara, independente do meu voto, houve uma demonstração clara de conflito de
poderes. Me parece que, quando o Congresso entende que o Judiciário quer
legislar, você começa a ter uma interferência e acaba tendo um conflito."
João
Pizzolatti (PP)
"A
decisão de cassação quem tomou foi a Corte. E acho inclusive que não precisaria
nem a Câmara votar, a própria mesa já poderia ter indicado pela sua cassação,
sem necessidade de votação."
Jorge
Boeira (sem partido)
"Não
vou me preocupar com o leite derramado, o deputado não foi cassado e a vergonha
foi instalada. Não tem outro remédio. Tomara que essa vergonha sirva para a
gente ter força para aprovar o voto aberto."
Jorginho
Mello (PR)
"Lamento
pelos deputados que não votaram, mas como o voto é secreto, não temos como
saber quem são esses deputados. A situação explicitou mais ainda a necessidade
do voto aberto: cada um deve ser responsável por seus atos."
Luci
Choinacki (PT)
"Acho
que foi uma armação do governo para ter motivação para não cassar José Genoíno
e João Paulo Cunha."
Marco
Tebaldi (PSDB), que tinha presença confirmada na sessão, mas não votou. Alega
que teve que voltar para Joinville por motivos particulares.
"É
um momento deprimente para o parlamento, para a Câmara dos Deputados quando ela
deixa de caminhar lado a lado com a sociedade. Não tínhamos que julgar o
mérito, isso cabe à Justiça. Tínhamos que nos posicionar politicamente, está
sendo um momento muito difícil para a instituição."
Mauro
Mariani (PMDB)
"O principal fator, evidente, foi o voto secreto. Se fosse público, tenho certeza que o resultado seria outro."
Onofre
Agostini (DEM)
"Eu estava à tarde em Brasília e tive que sair por causa de um tratamento de saúde
Pedro
Uczai (PT)
"Eu
sai com uma convicção. Acho que nós deputados não deveríamos mais ter foro
privilegiado."
Ronaldo
Benedet (PMDB)
"O
que a sociedade precisa mesmo é de uma grande mudança no Legislativo, Executivo
e também no Judiciário. É necessário acabar com o voto secreto em todas as
discussões. Espero que o eleitor faça justiça não elegendo aqueles que não tem
postura nem idoneidade."
Valdir
Colatto (PMDB)
Fonte: Site Jornal A Notícia 30/08/2013
Nenhum comentário :
Postar um comentário