Ex-presidente disse a sucessora que
vai comparar com 1822 e 2002. Em discurso na Universidade do ABC, ele defendeu condução da economia.
Em um discurso de quase 40 minutos em
São Bernardo do Campo (SP), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu
nesta quarta-feira (4) o governo da sucessora Dilma Rousseff e disse que já
está "pensando no Brasil de 2022", quando disse que irá comparar com
1822, ano da Independência do Brasil.
"E eu já estou pensando no Brasil
de 2022 quando a gente completar 200 anos de Independência. A gente fazer uma
comparação do que era esse Brasil, aí vai ser duro, Dilminha", disse o petista,
em direção à presidente.
"Aí vai ser duro quando a gente
falar o Brasil que nós deixamos em 2022 e o que nós pegamos em 2020 (sic) para
que a gente faça uma comparação de 2022, para que a gente faça uma comparação
do que aconteceu neste país", emendou.
Lula foi eleito para a Presidência
pelo PT em 2002, reeleito em 2006 e vitorioso com a eleição de Dilma em 2010.
Ele falou sobre 2022 após citar os investimentos feitos em educação durante os
dois governos do PT. Segundo o ex-presidente, foi esse "conjunto de
medidas que criaram a base do que vai dar para nós esse Brasil que todos nós
queremos".
Em seu discurso, feito após receber o
título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do ABC, ele
citou vários indicadores mostrando avanços dos governos petistas nos últimos 10
anos, principalmente na área da educação.
Lula ressaltou o valor da educação
para famílias pobres. "O maior legado que a família pobre, o mais pobre
dos nordestinos que deixar para o filho, é que tenha escolaridade, que tenha
uma profissão e que se essa profissão for de doutor... Minha presidenta, você
não sabe o que é fazer uma família feliz", disse, referindo-se a
presidente Dilma Rousseff.
Depois que ele [estudante] se forma
doutor, não espere, presidenta [Dilma], que ele vá ficar agradecido. Ele vai
pra rua fazer manifestação contra você"
Em
seguida, ele falou que esse estudante, quando se formar, vai exigir empregos
melhores. "E depois que ele se forma doutor, não espere, presidenta
[Dilma], que ele vá ficar agradecido. Ele vai pra rua fazer manifestação contra
você", brincou Lula, arrancando riso da presidente.
"Por uma coisa simples, a gente
fica dizendo que ele tem que estudar porque ele vai melhorar de vida. E ele se
forma e depois ele percebe que o emprego que ele arruma não é o sonho que ele
tinha", completou.
"Então em vez de a gente achar
que a gente fez um favor para ele, nós fizemos uma obrigação. Ele só
chegou por lá por causa da vontade dele, do esforço dele, da disposição
dele, ou seja, ele se matou pra chegar lá. E nós precisamos continuar nos
matando pra garantir que depois de formado ele possa aperfeiçoar seus estudos e
se forme sim pelo o emprego do sonho dele. E aí sim, quando ele tiver o emprego
do sonho dele, pode ficar certo que ele não vai mais pra rua fazer
passeata", disse.
Lula disse que este foi o título
"mais marcante e mais importante" de sua vida. Antes, chorou durante
o discurso de um aluno da universidade filho de um sindicalista amigo. Também
ficou emocionado com a série de xotes e forrós tocados pela orquestra de
Paraisópolis.
O ex-presidente também defendeu a
condução da economia brasileira e disse que Dilma Rousseff prepara o Brasil
para "um novo salto". Segundo Lula, "a inflação se mantém a 10
anos abaixo da meta estabelecida e desde o inicio da crise mundial em 2008
nenhum outro país teve nível de desemprego tão baixo quanto o brasileiro",
fazendo comparações com os Estados Unidos e Europa, com níveis atuais acima do
brasileiro.
O reitor da UFABC, Hélio Waldman,
lembrou que Lula já tem títulos concedidos por outras instituições, nacionais e
estrangeiras, mas esse e o primeiro a ser concedido pela UFABC, criada
durante a gestão Lula, em 2005.
O prefeito de São Bernardo, Luiz
Marinho, do PT, afirmou que Lula "é o mais importante intelectual orgânico
que os trabalhadores da América Latina produziram". Disse também que Lula
"não deixou a frieza da real política congelar seu coração." Também
participaram do evento os ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Miriam
Belchior (Planejamento).
Um aluno da UFABC sugeriu que Lula,
agora doutor, seja professor da universidade.
Fonte: Site O Globo 04/12/2013
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