Influenciado por Marina, Eduardo
Campos põe em xeque pré-acordo de PSB e PSDB e cria atrito.
Definida como principal prioridade do PT depois
da reeleição de Dilma Rousseff, a disputa pelo governo paulista
e a negociação de alianças no Estado são um termômetro da corrida presidencial.
Isso porque, além do esforço petista
para ampliar poder, revela tensão e desacerto entre PSDB e PSB,
principais siglas de oposição ao governo federal.
O motivo da indecisão chama-se Marina
Silva (PSB). Até a ex-senadora anunciar acordo com o governador de
Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, em outubro passado, a
sigla sedimentava parcerias com os tucanos em vários Estados.
Ao oferecer resistência à parceria,
por defender o fim da polarização PT-PSDB e uma “nova política”, Marina pôs
Campos contra a parede. E, para tê-la como sua vice, o governador admitiu rever
os acertos em andamento.
Na terça-feira, o senador e
pré-candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves (MG), disse que o PSB
é quem mais tem a perder ao não se aliar ao seu partido. O vice-presidente
socialista, Roberto Amaral, disse que o tucano “perdeu a oportunidade de ficar
calado”.
Na quinta-feira, Aécio reiterou que as
declarações de Amaral não estremeceram a relação entre os partidos e garantiu
que seu interlocutor no PSB é Campos, a quem elogiou e disse que tem uma
parceria “antiga”.
Presidente do PSDB paulista, o
deputado federal Duarte Nogueira afirma não ter dúvidas de que o partido terá o
maior número de apoiadores em São Paulo. E, entre eles, o PSB:
— Esperamos que o PSB esteja na
nossa chapa majoritária em São Paulo.
Os
socialistas devem definir até o fim de janeiro o futuro da aliança em São
Paulo, o que terá impacto direto na formação dos palanques estaduais e nas
campanhas à Presidência.
Enquanto o PSDB se esforça para manter
Geraldo Alckmin no poder por mais um mandato, o PT se articula para tentar
derrubar os 20 anos de comando tucano em São Paulo. Para isso, aposta no
ministro da Saúde, Alexandre Padilha — uma forma de destacar os projetos
do governo federal para, ao projetar Padilha, também fortalecer Dilma.
Já o PMDB adota tom semelhante à
postura em nível nacional, na qual o partido ameaça desembarcar do governo
Dilma, mas flerta com cargos em uma futura reeleição. Na disputa paulista, a
legenda nega que fará críticas exacerbadas ao PSDB, mas pretende lançar
candidatura própria por entender que Alckmin e as gestões tucanas anteriores
não apresentaram resultados satisfatórios.
O dilema do PSB:
— Presidente nacional do partido e
provável candidato à Presidência da República, Eduardo Campos busca palanques
em Estados estratégicos para fortalecer sua campanha. Antes de fechar aliança
com Marina Silva, inclusive, um dos principais acordos em gestação era o apoio
a Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, que estava sedimentado.
— Além de São Paulo, o PSB negociava
outras alianças estaduais com o PSDB. Uma delas era em Minas Gerais, reduto
tucano. Nesses Estados, socialistas e tucanos já eram parceiros desde a última
eleição. Logo, a renovação do apoio seria “natural”.
— Ao fechar aliança com Marina Silva,
no entanto, Campos enfrentou resistência da nova parceira. Isso porque a
ex-senadora defende o fim da polarização entre petistas e tucanos e uma “nova
política” que consiste na candidatura própria da aliança PSB-Rede em Estados
estratégicos. Em São Paulo, por exemplo, a ex-senadora gostaria que a cabeça de
chapa fosse a ex-prefeita Luiza Erundina (PSB), que descartou a ideia.
— No começo deste ano, interessado em
confirmar Marina como vice em sua chapa à Presidência, o governador de
Pernambuco admitiu ceder aos apelos dela, mas não bateu o martelo. Com isso, a
definição sobre o futuro da parceria em São Paulo terá papel decisivo na
consolidação ou rompimento de possíveis alianças entre PSB e PSDB em pelo menos
15 Estados.
Os caminhos:
— Fechar com o PSDB: o PSB parte
do pressuposto de que, ao integrar a chapa tucana em São Paulo, o governador
paulista teria de se dividir entre ele e Aécio Neves, que será o candidato do
PSDB à Presidência. Isso, na visão dos socialistas, poderia beneficiar Campos,
que reforçaria sua campanha tendo como puxador de votos um dos favoritos no
maior colégio eleitoral do país. Além disso, poderia dividir o PSDB, diante de
eventual pretensão de Alckmin em disputar o Planalto em 2018 – o que se
inviabilizaria com a eleição de Aécio.
— Romper com os tucanos: ao
afastar-se dos tucanos e lançar uma candidatura no Estado, o PSB confiaria na
garantia de ter palanque próprio no maior colégio eleitoral do país. Também
reforçaria os ideais defendidos por Campos e Marina em seus discursos mais
recentes: combater a polarização PT-PSDB e apresentar uma “nova política”. Em
nível nacional, a sigla confiaria na popularidade de Marina para alavancar a
chapa conjunta rumo ao segundo turno com um discurso de terceira via.
É a opção mais provável.
É a opção mais provável.
— Aproximação futura: mesmo sendo
confirmado, o afastamento entre tucanos e socialistas não deve ser definitivo.
Campos e Aécio não descartam uma possível aproximação para a disputa de um
eventual segundo turno contra Dilma Rousseff (PT), visto que, segundo as
pesquisas eleitorais, há indicativos de que só um deles seguirá no páreo.
Os pré-candidatos em São Paulo:
Geraldo Alckmin (PSDB): atual
governador de São Paulo, é favorito à reeleição. A dificuldade em formar
alianças com siglas mais tradicionais, no entanto, é um dos temores do PSDB.
Isso porque a eventual união da oposição no segundo turno pode significar a
derrota.
Alexandre Padilha (PT): aposta
do PT para romper os 20 anos de comando tucano no Estado, o ministro da Saúde é
o principal rival de Alckmin. Vê com bons olhos o aumento no número de
candidatos, visto que isso fortalece as possibilidades de segundo turno, no
qual teria mais facilidade para angariar apoios.
Paulo Skaf (PMDB): correndo por
fora, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)
ainda não oficializou a candidatura. Mas a ideia é se apresentar como
alternativa para quebrar a polarização PT-PSDB.
Gilberto Kassab (PSD): ex-prefeito
de São Paulo, lançou sua candidatura de olho em reforçar a parceria do seu
partido, o PSD, com o governo federal – o que pode garantir um ministério à
sigla. Ao entrar no páreo, Kassab reduz as chances de Alckmin ser reeleito em
primeiro turno e se credencia como peça importante em um eventual segundo
turno.
Vladimir Safatle (PSOL): filósofo,
professor da USP e colunista do jornal Folha de S.Paulo ainda não oficializou a
candidatura. Mas ao lançá-lo como pré-candidato, o PSOL reforça sua tendência a
rechaçar alianças com siglas tradicionais. O partido deve fazer uma campanha
com críticas a Alckmin.
Fonte: Site A Notícia 17/01/2014
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