O PSDB apoiaria formalmente a
ex-senadora Marina Silva (PSB) em um eventual segundo turno da eleição
presidencial caso seu candidato, o senador Aécio Neves, fique fora da disputa
final, disse à Reuters nesta quarta-feira (20) uma fonte do partido.
A avaliação é que tal aliança
diminuiria as chances de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) no segundo
turno, ao unir dois grandes grupos díspares de eleitores que desejam mudança
após mais de uma década de governo petista.
A disputa eleitoral tem sido acompanhada
de perto por investidores, que esperam por uma mudança no governo após quase
quatro anos de baixo crescimento econômico sob a política econômica de Dilma.
Marina descarta palanques do PSDB: "O
Brasil precisa de uma mudança, uma renovação. O País não pode tolerar mais
quatro anos [de Dilma]", disse uma fonte tucana de alto escalão, sob
condição de anonimato.
Marina vai ser oficializada como
candidata do PSB nesta quarta-feira, ao aceitar a indicação do partido após a
morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, candidato original dos
socialistas, em um trágico acidente aéreo na semana passada.
Ela vai compor a chapa ao lado do
deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS), após o partido conseguir na
terça-feira (19) o aval de Renata Campos, viúva do ex-presidenciável
Eduardo Campos, morto no último dia 13 vítima de um desastre aéreo em
Santos.
O acidente agitou a eleição de 5 de
outubro, levando alguns eleitores a reconsiderarem o voto e também ameaçando as
alianças políticas cuidadosamente costuradas nos bastidores da campanha.
Uma pesquisa divulgada pelo Datafolha
na segunda-feira (18) mostrou Dilma estável na primeira posição (36% das
intenções de voto), enquanto Marina e Aécio estão empatados tecnicamente na
segunda colocação, com 21% e 20%, respectivamente.
O cenário levaria a decisão para um
segundo turno em 26 de outubro, já que Dilma ficaria com menos de 50% dos votos
válidos.
Sob a liderança de Campos, PSB e PSDB
mantinham plataformas similares, mais ao centro e voltadas ao mercado. Os dois
partidos negociaram algumas alianças nas corridas estaduais e era esperado que
se unissem contra Dilma em um eventual segundo turno.
Marina, por outro lado, é associada a
uma agenda de certa maneira mais à esquerda. Ela se filiou ao PSB somente em
outubro do ano passado, no que ela mesma descreveu como um arranjo temporário,
até que consiga aprovar a criação de seu próprio partido, a Rede
Sustentabilidade.
Dada a reputação de Marina de tomar
decisões imprevisíveis e as ressalvas de setores mais conservadores em relação
à ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, alguns analistas têm especulado
que o PSDB se manteria neutro em um eventual segundo turno entre Dilma e a
ex-senadora.
A fonte do PSDB, no entanto, afirmou
algo diferente à Reuters. "Esperamos que Aécio esteja no segundo turno e
vença a eleição. Mas se for Marina, o PSDB vai apoiá-la", disse, sob
condição de anonimato.
A maioria dos eleitores de Aécio
apoiaria Marina em um segundo turno, mesmo sem o endosso oficial do PSDB, segundo
as pesquisas mais recentes. Mas um apoio formal pode ainda assim ser decisivo,
pois mobilizaria a robusta máquina partidária tucana, incluindo uma rede de
prefeitos, governadores e parlamentares significativamente maior e melhor
organizada do que a do PSB.
Na mais recente pesquisa do Datafolha,
Marina aparece com 47% das intenções de voto no segundo turno, acima dos 43% de
Dilma, mas em empate técnico no limite da margem de erro. No cenário com Dilma
e Aécio, a petista ficaria com 47%, ante 39% do tucano.
Fonte: Site R7 20/08/2014
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