BRASÍLIA - A Rede Sustentabilidade,
idealizada por Marina Silva, pretende transformar-se oficialmente em partido
até março do ano que vem.
A Comissão Executiva Nacional da futura legenda, que
reuniu-se durante o fim de semana em Brasília, informou, em entrevista coletiva
em Brasília, que ainda precisa coletar e validar cerca de 32 mil das 484,5 mil
assinaturas de que precisa para ter seu registro oficializado pelo Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). Marina deve deixar o PSB até março do ano que vem,
quando a Rede estiver oficializada.
Em outubro de 2013, a Rede teve o
registro de criação do partido negado pelo TSE por não ter obtido o número
mínimo de assinaturas para sua constituição. Na época, eram necessárias 492 mil
assinaturas para validar a legenda pela qual Marina pretendia concorrer à
Presidência, o que correspondia, naquele ano, a 0,5% da soma dos votos dados
aos deputados federais na última eleição, que tinha sido em 2010. A Justiça Eleitoral
validou 442.534, 49.466 a menos que o necessário. Isso obrigou Marina e aliados
a migrarem às pressas para outro partido a tempo de disputar as eleições deste
ano, e o escolhido na época foi o PSB.
OPOSIÇÃO INDEPENDENTE:
Segundo integrantes da Rede, a legenda
terá perfil de oposição independente, uma posição muito semelhante à que o PSB
também pretende assumir. A Rede vai permanecer ligada à legenda do falecido
Eduardo Campos até que consiga se viabilizar junto ao TSE.
A Comissão Executiva Nacional também
decidiu que fará oposição independente ao governo Dilma Rousseff. O objetivo é
criticar o que considera ruim e apoiar o que acha ser bom para o país.
- Avaliamos as questões no mérito. Por
isso, seremos oposição independente para podermos assumir posições contrárias
àquilo que julgamos que será ruim para o país, e posições favoráveis ao que for
bom para o país - emendou Marina.
O porta-voz da Rede, Walter Feldman,
disse estar preocupado com a “dramática crise econômica” e prometeu fiscalizar
os desvios éticos, especialmente com relação à Petrobras.
- (Estamos) Extremamente preocupados
com os caminhos que o Brasil vai tomar do ponto de vista econômico-político, e
as medidas que são necessárias, que terão eficaz oposição e fiscalização em
relação a fatos graves que a imprensa tem veiculado todos os dias, notadamente
em relação à corrupção, aos graves desvios éticos, particularmente em relação à
Petrobras - disse o ex-coordenador da campanha de Marina na coletiva.
Nas discussões internas, integrantes
da Executiva da Rede fizeram um balanço sobre o capital eleitoral que obtiveram
no último pleito e eventuais participações em governos estaduais. Pedro Ivo, um
dos fundadores do grupo, lembrou que a Rede elegeu seis deputados estaduais,
dois federais e um senador, todos filiados a partidos aliados. Ele preferiu não
citar os nomes, alegando que não cobrará adesão ao novo partido, quando ele for
criado.
DILEMA DE APOIO A GOVERNOS:
A portas fechadas, a Executiva
discutiu que só integraria governos que apoiou no primeiro turno. Entre esses,
venceram as eleições Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), José Ivo Sartori (PMDB-RS) e
Paulo Câmara (PSB-PE). O debate passou pelo dilema de apoiar um governo do
PSDB, como o do Pará, e depois ter que explicar para os eleitores que a Rede
não é um braço auxiliar dos tucanos.
Assim como fez no segundo turno,
quando impôs condições programáticas para apoiar o tucano Aécio Neves contra
Dilma, no plano estadual a participação em governos também terá de obedecer a
tais critérios.
- Não podemos nos enfraquecer como
terceira via. Mas também não podemos nos tornar um PSOL da sustentabilidade e
nos isolarmos — disse um participante. (Colaborou Simone Iglesias)
Fonte:
Site OGlobo.OGlobo.com 24/11/2014
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