O vice-presidente da República e
presidente nacional do PMDB, Michel Temer, oferecerá um jantar na
próxima terça-feira (4), no Palácio do Jaburu, em Brasília, para dar as
boas-vindas aos novos parlamentares e governadores eleitos do partido e
reafirmar a liderança sobre a sigla.
Reeleito para a Vice-Presidência da
República, Temer terminou a disputa eleitoral fortalecido diante da ala
peemedebista que fez campanha para o candidato derrotado do PSDB ao
Palácio do Planalto, Aécio Neves.
O deputado Eduardo Cunha, que já impôs
importantes derrotas ao governo na Câmara, tem rivalizado em influência com
Temer dentro do partido. Na última quarta-feira (29), ele foi reconduzido
à liderança do PMDB e recebeu o apoio dos deputados peemedebistas para se
lançar candidato na disputa pelo comando da Casa, em fevereiro do ano que vem.
A candidatura desagrada ao Palácio do Planalto e ao PT, que tem a maior bancada (70
deputados) e não pretende abrir mão do posto. O PMDB elegeu 66 deputados e
se manteve como a segunda bancada.
No jantar da próxima terça, disseram
assessores de Temer, o vice-presidente quer aproveitar para ouvir com atenção
as reivindicações dos integrantes do partido, especialmente as demandas das
correntes internas que fazem oposição ao governo petista. A intenção é
aproveitar o evento para identificar os anseios dos novos parlamentares e
tentar atraí-los para a órbita de influência do vice-presidente.
"Pouco mais da metade dos
deputados do PMDB foram reeleitos. Com tantos novos parlamentares, temos de
verificar na prática os alinhamentos que vão se construir, sentindo as
movimentações a partir da rotina da Câmara e ouvindo as pessoas", disse ao G1 um
interlocutor de Temer que não quis se identificar.
Eduardo Cunha: Conforme o Blog do
Camarotti informou na terça-feira (29), o governo emitiu sinais de resistência
ao nome de Eduardo Cunha na presidência da Câmara. Mas a presidente Dilma
Rousseff, segundo o Blog, foi aconselhada a não interferir na disputa pela
presidência da Câmara.
Defensor da candidatura de Cunha, o
deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) afirmou ao G1 que o líder da
bancada peemedebista é um candidato independente, "mas não de
oposição".
Para ele, Temer, no papel de
presidente do PMDB, não poderá se posicionar contra uma candidatura de um
integrante do partido, "qualquer que seja o nome sugerido".
"Se [Temer] ficasse contra [uma
candidatura do PMDB para a presidência da Câmara], teria a insatisfação de todo
o partido", afirmou Vieira Lima. "A candidatura do Eduardo Cunha é do
PMDB, foi definida por aclamação pela bancada do partido. Michel [Temer] não
iria contra essa vontade. Ele não poderia ficar contra o PMDB. E não
está", complementou.
Recém-eleita para o Senado, a deputada
Rose de Freitas (PMDB-ES) se mostrou incrédula com relação à suposta
unanimidade dentro da bancada em torno da candidatura de Cunha. Na visão dela,
a sucessão presidencial na Casa "tem e terá muito conflito" entre os
partidos da base governista.
De acordo com a deputada, o PMDB tem
de ter "muita cautela, muito bom senso e água benta" no momento em
que for discutir se lançará candidato para a presidência da Câmara.
"Tem que esperar chegar os novos
[deputados] para a gente ter uma decisão nova, com o verdadeiro quadro que vai
votar no próximo processo eleitoral [...] Falei ontem [quinta] com o Eduardo
Cunha que nós não estamos vivendo em um céu de brigadeiro. O país vive várias
crises, na economia, por exemplo. Portanto, tudo vai ter que ser bem medido,
bem embasado", destacou Rose.
PT discutirá candidato: A
sucessão presidencial na Câmara também será debatida pela bancada petista na
próxima terça-feira, quando parlamentares se reunirão em Brasília para discutir
a sucessão presidencial na Casa. Oficialmente, porém, o assunto ainda é tratado
com restrição pelos representantes do partido, que preferem adotar cautela ao
falar sobre o tema.
No último dia 22, o líder do PT na
Câmara, antecipou o debate pelo comando da Casa ao afirmar, em entrevista
coletiva, que seu partido irá reivindicar o posto para o biênio
2015-2016. A declaração de Vicentinho foi baseada em acordo entre os partidos
aliados no qual as legendas donas das maiores bancadas se alternam na
presidência da Câmara. Esse acerto, no entanto, precisaria ser renovado com o
início de uma nova legislatura.
"O que não pode é ficar nessa
queda de braço. Mal terminou a eleição e [está] essa guerra. Isso é muito ruim
para o parlamento", avaliou o deputado José Guimarães (PT-CE). "Com a
poeira baixada, faremos um novo diálogo. É possível [uma candidatura do PT à
presidência da Câmara], mas não neste momento", disse. Segundo ele,
"a palavra mais importante do PT agora é o diálogo".
Demonstrações de que o governo federal
vive um momento de tensão com o Legislativo foram dadas nesta semana, apenas
dois dias após a reeleição de Dilma. Na última terça (28), a Câmara derrubou o
decreto presidencial que estabelece a consulta a conselhos populares por
órgãos do governo antes de decisões sobre a implementação de políticas públicas.
A rejeição à proposta foi a primeira derrota do Palácio do Planalto no
Congresso após as eleições.
Também nesta semana, a Comissão de
Agricultura aprovou a convocação dos ministros Edison Lobão (Minas e
Energia) e Neri Geller (Agricultura) para prestar esclarecimentos ao colegiado.
Oposição: Na terça-feira, o Blog do
Camarotti revelou que partidos de oposição também decidiram lançar
candidato à presidência da Câmara dos Deputados. Ao G1, o senador
reeleito Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que ainda não há consenso na legenda sobre
o lançamento de uma candidatura própria.
Dias afirmou que o PSDB se reunirá em
Brasília na próxima quarta (5) para "afinar o discurso" da sigla em
torno da sucessão de Henrique Alves. Ao ser questionado sobre um possível apoio
do PSDB à candidatura de Eduardo Cunha, Álvaro Dias foi enfático ao afirmar que
seu partido não apoiará "ninguém da base do governo".
"Não apoiaremos a candidatura de
ninguém da base do governo. Não podemos, enquanto oposição, fortalecê-los de
nenhuma maneira. É claro que respeitamos os nomes que estão postos, mas
precisamos, mais do que nunca, fortalecer o discurso de oposição", disse.
Fonte: Site O Globo 01/11/2014
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