O lixo produzido pelo material
impresso da propaganda eleitoral de 2012 poderia ser utilizado para a
publicação de 20 milhões de livros escolares com 50 páginas.
Com o comprimento
dessa quantidade de papel empilhado seria possível dar 143 voltas ao redor da
Terra. Esses cálculos foram divulgados pelo juiz auxiliar da Presidência do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Paulo Tamburini, no painel “Impacto
ambiental da propaganda eleitoral”, apresentado na manhã desta sexta-feira (7)
no congresso em que se comemoram os 10 anos da Escola Judiciária Eleitoral
(EJE/TSE).
Esse levantamento foi feito pelo juiz
Paulo Taburini com base nos dados declarados nas prestações de contas dos
candidatos. Do total de R$ 2 bilhões que os concorrentes gastaram com
propaganda, R$ 800 milhões foram destinados a material impresso, como panfletos
apelidados de santinhos e divulgação em jornais. Levando-se em conta que com R$
250 se produzem 20 mil santinhos, o valor declarado é suficiente para a
impressão de 57 bilhões deste impresso. Além do papel, para a produção deste
material foi necessária a derrubada de 603 mil árvores e o consumo de três
bilhões de litros de água.
Para o juiz Paulo Tamburini, apesar
dos constantes avanços do processo eleitoral, como a informatização do voto e a
aprovação de leis como a da Ficha Limpa (Lei Complementar n° 135/2010), pouco
ou nada se tem feito quanto ao impacto ambiental da propaganda. O juiz
considera que, com o surgimento de novas mídias como a internet, há que se
pensar em novas formas de se fazer propaganda eleitoral sem degradar o meio
ambiente. “Está na hora de se buscar um nova maneira de passar a ideologia dos
candidatos”, concluiu Paulo Tamburini.
Enchentes e acidentes: O comandante do
Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar do Rio de
Janeiro, tenente-coronel José Albucacys de Castro, que fez o estudo do impacto
ambiental da propaganda eleitoral junto com Paulo Tamburini, ressaltou que o
lixo da propaganda entope as galerias de águas pluviais, o que pode causar
alagamentos e enchentes. Quando jogado nas encostas dos morros, leva ao
deslizamento de terra.
Já o material jogado no chão e os
cavaletes espalhados ao longo das avenidas podem causar acidentes sérios, como
o de uma senhora que faleceu, no dia da eleição, após escorregar em santinhos
espalhados ao redor de uma seção eleitoral na cidade de Guarulhos-SP.
De acordo com o comandante,
diariamente, são coletadas 22 toneladas de lixo na cidade do Rio de Janeiro-RJ.
No dia da eleição, esse número chegou a 300 toneladas.
Sugestão: Para diminuir o impacto no
meio ambiente, a vice-procuradora-geral Eleitoral, Sandra Cureau, mediadora do
painel, sugeriu a realização de campanha institucional da Justiça Eleitoral
incentivando o eleitor a votar somente em candidato que não polua o meio
ambiente.
Usina de ideias: O painel impacto
ambiental da propaganda eleitoral foi o último do Congresso Democracia
Representativa e Cidadania, que comemorou os 10 anos da Escola Judiciária
Eleitoral do TSE.
Ao encerrar o evento, a ministra Rosa
Weber, diretora da EJE/TSE, disse que a Escola não é um mero centro de
treinamento e capacitação. “Na verdade, a escola é um lugar de reflexão crítica
e ética sobre o direito e funciona como uma usina de criação de ideias”,
ressaltou a ministra.
Ao agradecer a participação dos
congressistas e dos inscritos, a ministra Rosa Weber anunciou que em 2013 a EJE
realizará o Congresso Internacional Eleitoral.
Fonte: TSE 07/12/2012
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