A candidata do PSOL à Presidência da
República, Luciana Genro, que ficou em quarto lugar no primeiro turno,
disse que ela e o partido não vão apoiar nenhum dos dois candidatos que foram
para o segundo turno do pleito.
No entanto, ela disse que sugere à
miltância do PSOL que vote "branco, nulo ou em Dilma (PT)", e
"desaconselhou" o voto em Aécio Neves (PSDB).
"Eu não irei declarar o meu voto.
O PSOL não apoia nenhuma candidatura", afirmou Genro, em entrevista
coletiva em São Paulo nesta quarta-feira (8).
""O PSOL, os filiados ao
PSOL, os dirigentes do PSOL, em hipótese alguma darão algum voto ou qualquer
tipo de apoio ao Aécio Neves. Nós não temos absolutamente nada em comum com
Aécio Neves que representa esse retrocesso. Nós entendemos que é necessário,
portanto, que o PSOL, a partir de se posicionar claramente contrário ao Aécio,
mantenha a neutralidade, no sentido de liberar seus militantes, seus filiados,
tanto para o voto nulo, voto branco, como para o voto em Dilma. Isso será uma
decisão de cada um", afirmou.
A candidata do PSOL teve 1,6 milhão de
votos, o equivalente a 1,55% dos votos válidos.
Em nota publicada no site de Luciana
Genro (veja íntegra abaixo), o PSOL explicou a posição do partido a respeito
dos dois candidatos do segundo turno.
"Um segundo turno, quando não nos
sentimos representados nele, é muitas vezes mais do veto que do voto.
Entendemos que Aécio Neves, o seu PSDB e aliados são os representantes mais
diretos dos interesses da classe dominante e do imperialismo na América Latina
[...] É preciso também afirmar que, diante do que foi o seu governo e sua
campanha eleitoral, Dilma está distante do desejo de mudanças que tomou as ruas
no ano passado", diz o texto.
Nesta quarta (8), o candidato do PSC
no primeiro turno, Pastor Everaldo, declarou apoio dele e da legenda
a Aécio. Na terça (7), o PPS, que integrou a coligação de Marina,
também declarou apoio ao candidato do PSDB.
Veja a íntegra da nota divulgada pelo
PSOL:
"Seguir lutando para mudar o
Brasil. Dilma não nos representa. Nenhum voto em Aécio.
O PSOL cresceu nas eleições de 2014.
Dobramos nossa votação em relação a 2010, num cenário ainda mais difícil.
Agradecemos a cada um dos 1.612.186 eleitores que destinaram seu voto ao
fortalecimento das bandeiras que defendemos durante a campanha eleitoral.
Conseguimos dobrar a representação parlamentar do PSOL, que alcançou cinco
deputados federais e doze deputados estaduais. Essas bancadas farão a diferença
nos seus estados e no Congresso Nacional na luta por mais direitos. Nosso
projeto sai fortalecido das urnas, conquistando o quarto lugar em uma eleição
marcada pela desigualdade da cobertura da imprensa, dos erros das pesquisas, do
impacto do poder econômico e do desequilíbrio no tempo de televisão. Nada disso
teria sido possível sem a militância do PSOL, que fez a diferença e conquistou,
com muita dedicação, esse expressivo resultado.
Cumprimos o nosso papel, apresentando
a melhor candidata e a melhor proposta para o Brasil. Luciana Genro
constituiu-se como a principal referência da esquerda coerente e este é um
enorme patrimônio de todo o PSOL. O programa que defendemos é o programa
necessário para que se avance em direção a um Brasil justo e igualitário, livre
da exploração e de todos os tipos de opressão. Esta foi nossa principal missão
política nestas eleições, e avaliamos que a cumprimos bem.
Um segundo turno, quando não nos
sentimos representados nele, é muitas vezes mais do veto que do voto.
Entendemos que Aécio Neves, o seu PSDB e aliados são os representantes mais
diretos dos interesses da classe dominante e do imperialismo na América Latina.
O jeito tucano de governar, baseado na defesa das elites econômicas e nas
privatizações, com a corrupção daí decorrente, significa um verdadeiro
retrocesso. A criminalização das mobilizações populares e dos pobres
empreendida pelos governos tucanos, em especial o de Alckmin, nos coloca em
oposição frontal ao projeto do PSDB e aliados de direita. Assim, recomendamos
que os eleitores do PSOL não votem em Aécio Neves no segundo turno das eleições
presidenciais. Não é cabível qualquer apoio de nossos filiados à sua
candidatura.
A provável capitulação de Marina Silva
à candidatura tucana demonstra a sua incapacidade de representar legitimamente
o desejo de mudanças expresso nas ruas e comprova que a “nova política” não
pode ser um atributo daqueles que aderem tão rapidamente ao retrocesso.
É preciso também afirmar que, diante
do que foi o seu governo e sua campanha eleitoral, Dilma está distante do
desejo de mudanças que tomou as ruas no ano passado. Seu governo atuou contra
as bandeiras mais destacadas de nossa campanha, como a taxação das grandes
fortunas, a revolução tributária que taxe os mais os ricos e menos os
trabalhadores, a auditoria da dívida pública, contra a terceirização e a
precarização das relações de trabalho, fim do fator previdenciário, a
criminalização da homofobia e a defesa do casamento civil igualitário, uma nova
política de segurança pública que acabe com a “guerra às drogas” e defenda os
direitos humanos, a democratização radical dos meios de comunicação, o controle
público sobre nossas riquezas naturais, os direitos das mulheres, a reforma
urbana, a reforma agrária e a urgentíssima reforma política, que tire a
degeneração do poder do dinheiro nas eleições, reiterado neste pleito, mais uma
vez. Por tudo isso, se Dilma vencer o segundo turno, o PSOL seguirá como
oposição de esquerda e lutando pelas bandeiras que sempre defendemos, inclusive
durante a campanha eleitoral.
A partir destas considerações, o PSOL
orienta seus militantes a tomarem livremente sua decisão dentro dos marcos
desta Resolução, conscientes do significado sobre o voto no segundo turno, dia
26 de outubro, e agradece mais uma vez a todos o(a)s seus/suas eleitores(as)
e apoiadores(as) pela confiança recebida nestas eleições.
PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE – PSOL
São Paulo, 8 de outubro de 2014.
Nos 47 anos da morte do comandante Che
Guevara."
Fonte:
Site Globo.com 08/10/2014
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