segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Atualidade: Suspeitas acirram disputa nas eleições para o comando nacional do PT

Aumento no número de militantes aptos a votar na disputa interna provoca crise na legenda.

Ao questionar o salto de 322% em sete dias no número de petistas aptos a votar nas eleições do partido, o deputado federal Henrique Fontana (PT-RS) desencadeou uma crise interna na sigla.
Fontana levantou suspeita sobre o pagamento em massa de contribuições partidárias de filiados em situação pendente nos últimos dias antes do fim do prazo para participar da votação, marcada para 10 de novembro. Dos 1,7 milhão de integrantes no país, cerca de 800 mil estão habilitados a votar. Em 23 de agosto, uma semana antes de expirar o limite, o total era inferior a 185 mil. 
Ser filiado há mais de um ano e estar em dia com a contribuição semestral de R$ 10 são algumas das exigências para participar da eleição. O PT é o único partido do país que adota o sistema de eleição direta. Isso ocorre desde 2001, quando 230 mil militantes votaram. 
Para Fontana, que durante a semana protagonizou bate-boca virtual com um colega de partido, sugere a revisão da regra de contribuição obrigatória, para evitar suspeitas no processo eleitoral:
— Desejo que o filiado vá livre à urna e ele escolha seus candidatos de acordo com sua convicção política. Favorito à reeleição, o atual presidente do PT, Rui Falcão, evita comentar o caso. Na quarta-feira, no entanto, em vídeo publicado no site da sigla, ele elogiou a “disposição inédita de ampla participação” da militância. 
Para o deputado gaúcho Paulo Ferreira, que apoia Falcão, as acusações são injustificáveis. Segundo ele, entre as explicações para a crescente mobilização estão mudanças nas regras do processo, o que ampliou o mandato — de dois para quatro anos — e a participação de jovens e mulheres nas chapas concorrentes: 
— Quem faz uma acusação dessas tem de ter prova. As declarações são de uma infelicidade brutal, no momento em que o PT enfrenta dificuldade política com o mensalão.
Outra polêmica foi lançada pelo candidato ao comando nacional, Valter Pomar. Segundo ele, até pessoas mortas foram incluídas na lista de filiados aptos a votar. O PT, que ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso, deve investigar as suspeitas.

Quem são os candidatos à presidência nacional do partido:

Valter Pomar — Historiador, representa a corrente partidária Articulação da Esquerda.
Renato Simões — Ex-deputado estadual por SP, concorre pelo grupo
Militância Socialista.
Rui Falcão — Atual presidente do PT e deputado estadual por SP, é da corrente Novo Rumo.
Markus Sokol — Economista e ex-secretário de comunicação do partido, é do grupo O Trabalho.
Serge Goulart — Historiador e dirigente nacional da legenda, representa a Esquerda Marxista.
Paulo Teixeira — Deputado federal por SP, é candidato pela corrente Mensagem ao Partido.

Executiva discutirá caso segunda-feira na Capital: Possíveis irregularidades no credenciamento de eleitores para a disputa interna da sigla serão tema de uma reunião da executiva do partido no Rio Grande do Sul na segunda-feira. No Estado, segundo o presidente da legenda, Raul Pont, 70 mil dos 150 mil filiados estão aptos a votar. Na eleição passada, em 2009, eram 40 mil.  
Embora não haja denúncia específica sobre o caso em solo gaúcho, o deputado Paulo Ferreira observa que houve aumentos expressivos, entre 28 e 30 de agosto, no número de petistas habilitados em Gravataí (806%) e São Leopoldo (441%) – territórios com forte atuação da corrente apoiada por Fontana.
— Se houve isso (pagamento em massa), estaremos repetindo o que combatemos e condenamos – e que acontece no sistema eleitoral do país –, cada vez mais dominado por pressões econômicas — disse Pont.
Ele acredita que a possibilidade de distribuição coletiva dos boletos, aprovada no último congresso da sigla, no início do ano, pode ter contribuído para facilitar supostas irregularidades. 
O petista, que votou contra a medida, disse que a ideia era que as pessoas fossem localizadas e, assim, pagassem os valores, e não que alguém pudesse efetuar a quitação em nome delas. 
O estatuto da legenda prevê pagamento coletivo dos boletos, desde que tenha expirado o prazo para pagamento individual – o que ocorreu em 30 de agosto. 
Cabe aos diretórios municipais  organizar atividades entre a militância para arrecadar fundos e informar a comissão organizadora eleitoral estaduais até a próxima terça-feira. Em contrapartida, os beneficiados deverão participar de uma atividade partidária. 
No Estado, cinco candidatos disputam o comando do diretório, que terá novo presidente, já que Pont não concorrerá. Estão no páreo o ex-prefeito de São Leopoldo Ary Vanazzi, o prefeito reeleito de Canoas, Jairo Jorge, o químico Laércio Barbosa, o deputado federal Paulo Pimenta e a deputada estadual Stela Farias.

Fonte: Site Jornal A Notícia 07/09/2013

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