terça-feira, 15 de abril de 2014

Eleição 2014: Rivais históricos namoram aliança eleitoral inédita em Santa Catarina

Herdeiros diretos dos partidos criados durante o regime militar, PMDB e PP continuam mantendo a maior rivalidade política de Santa Catarina.
    Nas oito eleições para o governo do Estado desde 1982, peemedebistas e pepistas estiveram em lados opostos – em confrontos disputados voto a voto em boa parte delas. 
Reunidos na base do governador Raimundo Colombo (PSD), os partidos vivem em 2014 a possibilidade real de habitar pela primeira vez o mesmo palanque no Estado. O PP encaminhou em dezembro do ano passado a intenção de apoiar a reeleição do pessedista, estabelecendo como requisito a vaga de senador na chapa. 
No PMDB, a permanência na coligação que elegeu Colombo há quatro anos ou o lançamento de candidatura própria é o tema de uma pré-convenção marcada para 26 de abril. Em todas as conversas dos peemedebistas, um desconforto surge de pronto: a aliança com o rival histórico.
Defensor da manutenção do apoio a Colombo, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) tocou no assunto logo no primeiro evento que promoveu em defesa da aliança, dia 8 de março, em Sombrio, no Sul do Estado.
– Temos um partido dividido, por causa disso abrimos espaço para o PP negociar um apoio ao Colombo. Não podemos ressuscitar aqueles que derrotamos quatro vezes – afirmou o senador para uma plateia de militantes peemedebistas.
A ressurreição que Luiz Henrique afirmou querer evitar foi interpretada de duas formas: a do PP como um todo, derrotado pelo PMDB nas eleições de 1986, 1994, 2002 e 2006; e uma referência velada ao rival Esperidião Amin (PP), ex-governador e hoje deputado federal.
LHS venceu Amin em duas disputas pelo governo estadual e comandou a articulação que levou a vitória de Colombo contra Angela Amin (PP) em 2010 – a quarta derrota dos Amin seria a de 1994, quando Angela foi derrotada por Paulo Afonso. 
– O Luiz Henrique não estava dizendo que não queria o PP na chapa, mas que não queria abrir espaço para que eles voltassem – afirma um aliado.
Inicialmente refratário à aliança com Colombo, Amin tem medido as palavras, mas não perde a chance de provocar o rival ao analisar a situação do PMDB na pré-convenção e a possibilidade de uma coligação com os pepistas.
– Se eles concordarem com a aliança, será nos termos do governador, não vão poder reclamar. Os manda-chuvas do PMDB, como o Luiz Henrique, que não admitiam que o PP tivesse vez, também estarão sendo derrotados – afirma.
Defensor da ampla aliança, o deputado estadual Joares Ponticelli (PP) tem feito gestos ao PMDB desde a eleição municipal de 2012, quando patrocinou o apoio dos pepistas à candidatura derrotada de Edinho Bez (PMDB) à prefeitura de Tubarão, sua base eleitoral. No ano seguinte, foi eleito presidente da Assembleia em acordo de divisão de mandato com o peemedebista Romildo Titon.
– Temos um histórico de lutas em lados opostos, mas, no centro dessa composição, está o governador Colombo, que tem boas relações com os dois partidos e pode ser esse elo – acredita Ponticelli.
O vice-governador e presidente estadual do PMDB, Eduardo Pinho Moreira, é menos otimista na avaliação. Ele acredita que a consolidação da aliança pode rachar internamente os partidos.
– Inteiro ninguém vai entrar. Tem de ser bem decidido, porque acaba prejudicando o entendimento. Vai ser ruim – avalia.

Fonte: Site A Notícia 22/03/2014

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