sábado, 23 de agosto de 2014

Eleição 2014: PT e PSDB traçam estratégias para evitar que Marina, em ascensão nas pesquisas, acirre disputa presidencial

Na TV, o "nós contra eles" ganha tom administrativo. Pelas redes sociais, o ataque será mais direto. Em ambas, o mesmo alvo: Marina Silva.

Preocupados com o avanço da candidatura do PSB à Presidência, impulsionada pela comoção com a morte de Eduardo Campos, PT e PSDB miram na curta experiência da ex-ministra do Meio Ambiente como gestora e em suas restrições a setores como o agronegócio para questionar sua capacidade de governar o país.
Apesar de negar mudanças na campanha, desde a semana passada os comitês de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) estudam formas para neutralizar Marina. O senador Jorge Viana (PT-AC) foi um dos que reconheceu a preferência por enfrentar Aécio no segundo turno:
— Poderíamos comparar facilmente os oito anos do PSDB com os de governos do PT.
A força de Marina veio à tona na primeira pesquisa após o desastre aéreo de Campos. Segundo o Datafolha, ela está tecnicamente empatada com Aécio no primeiro turno (o tucano tem 21% e a ex-senadora, 20%) e com Dilma no segundo (47% a 43% para a ex-ministra). E levantamentos internos das siglas indicam que, na próxima sondagem, os números de Marina podem ser ainda melhores.
A nova estratégia de petistas e tucanos aposta em um tom temeroso pelo futuro do país caso Marina seja eleita. Nesta quinta-feira, os programas de TV enalteceram as biografias de Dilma e Aécio em cargos executivos, forma indireta de desqualificar Marina, que nunca foi eleita para função nesta esfera.
Nas redes sociais, as militâncias foram orientadas a explorar a "inexperiência" de Marina e desconstruir o discurso da "nova política". As doações recebidas pelo candidato a vice Beto Albuquerque da indústria das armas, bebidas e agronegócio, em 2010, também estão no radar para neutralizar a candidatura do PSB.
Até a morte de Eduardo Campos, o cenário estava polarizado entre PT e PSDB. Veja a seguir os efeitos da entrada de Marina Silva na campanha dos dois candidatos
Aécio: Até então considerado o principal adversário de Dilma Rousseff na disputa presidencial, Aécio Neves segue estável nas pesquisas, mas corre o risco de ficar de fora do segundo turno. Segundo o Datafolha, há empate técnico entre Marina (21%) e Aécio (20%).
Antes, com Eduardo Campos como candidato do PSB, o tucano tinha uma vantagem mais confortável, superior a 10 pontos percentuais, o que garantiria, em tese, disputa menos acirrada por vaga no segundo turno.
O novo cenário fez Aécio buscar, na quarta-feira, aconchego no Centro-Oeste, coração do agronegócio, setor com o qual Marina cultiva divergências. A campanha também decidiu reforçar as agendas do candidato no Norte e Nordeste e, ainda, badalar os dois mandatos de Aécio como governador em Minas.
Dilma: Líder nas pesquisas com estáveis 36%, segundo pesquisas recentes, Dilma Rousseff vê mais difícil uma possível vitória em primeiro turno com a entrada de Marina. Afinal, agora são três candidatos com mais de 20%.
Em eventual segundo turno, o Datafolha aponta empate técnico entre Marina e Dilma: 47% a 43% para a candidata do PSB. Se o adversário for Aécio, a petista lidera com 47% a 39%. Apesar da rivalidade, o PT prefere enfrentar o tucano do que desafiar a ex-senadora.
Para disparar na disputa, o partido confia no vasto tempo de propaganda, principalmente na TV, que permite mostrar avanços sociais e grandes obras do governo.
E, claro, no apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve Dilma e Marina como ministras, mas só endossa a candidatura da atual presidente.

Fonte: Site O Globo 20/08/2014

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