terça-feira, 2 de setembro de 2014

Eleição 2014 SC: Entrevista Afrânio Boppré PSOL

Economista e professor, Afrânio Boppré fala de forma detalhada, seja episódios de sua vida ou aquilo em que acredita.
      Candidato a governador pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), aos 53 anos ele lembra que sua vida política começou na adolescência, mas bem antes disso, influenciado pela família, costumava acompanhar os acontecimentos do país, que na época vivia o período após o Golpe Militar de 1964.
A partir desta segunda (18), o G1 publica os perfis dos candidatos ao Governo de Santa Catarina. A ordem de publicação foi definida por sorteio na RBS TV, com participação de representantes dos partidos. Além disso, todos os candidatos responderam as mesmas perguntas. 
Filho de um advogado, ele conta que dois acontecimentos foram decisivos para o início de sua vida política, aos 18 anos, ambos em 1979: a 'Novembrada' e a fundação do Diretório Acadêmico Livre de Economia, do curso de economia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
A 'Novembrada' foi o nome dado a uma manifestação popular contra o Regime Militar. O evento ocorreu em Florianópolis em 30 de novembro de 1979 durante a visita do General João Figueiredo. Já na UFSC, ainda era calouro quando se engajou na criação do Centro Acadêmico Livre, que também questionava o governo e contrariava os ideais do Centro Acadêmico que já havia no curso.
Na mesma época, também lembra de ter ajudado a distribuir panfletos que apoiavam a greve dos metalúrgicos do ABC, em São Paulo. "Vendíamos 'bônus' na frente da Catedral de Florianópolis para ajudar os metalúrgicos", comentou. Foi assim que se aproximou dos sindicatos de classes e conheceu o Partido dos Trabalhadores (PT), no qual se filiou em 1980.
Após a formatura no curso de Economia, aos 23 anos, foi em busca do primeiro emprego. "Me dei conta que não havia um Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em Florianópolis. Liguei para o órgão e mostrei interesse em implantar. Eles me pagaram a passagem e depois disso foi aberto o escritório na cidade", disse Boppré, que permaneceu durante 10 anos como funcionário do Dieese.
Segundo ele, por seu conhecimento em economia e a aproximação com os sindicatos, também dava aulas para operários sobre campanha salarial, economia política, negociação coletiva, entre outros temas relacionados à política trabalhista. Além disso, também atuou como professor em universidades catarinenses, inclusive a UFSC.
Em 1990, se candidatou pela primeira vez ao cargo de deputado federal, mas não se elegeu. Dois anos depois, foi eleito vice-prefeito de Florianópolis e na eleição seguinte, em 1996, concorreu ao cargo de prefeito. Em 2002, foi eleito deputado estadual e ficou por dois mandatos na função. No período, em 2005, rompeu com o PT e se filiou ao PSOL.
"Senti como se tivesse entrado em um ônibus para ir para Tubarão, mas no meio do caminho o motorista resolveu mudar o caminho e ir para Lages. A quem eu era fiel? Ao ônibus ou ao propósito de chegar ao destino? Por isso resolvi mudar de partido, mesmo que isso representasse recomeçar", disse.
Sua última eleição, em 2012, foi como vereador de Florianópolis, mandato que exerce atualmente. 

Qual considera a maior potencialidade do estado? 
Santa Catarina tem sociodiversidade, inclusive territorialmente. Temos a felicidade de possuirmos uma multiplicidade de etnias, economia diversificada, culturas variadas e riquíssimas. Considero nosso estado rico, mas injusto, onde há injustiça social não só entre ricos e pobres.
Qual considera o maior problema do Estado? 
A desigualdade. Temos em Florianópolis Jurerê Internacional e ao lado a favela do Siri. No estado, temos cidades como Lebon Régis, Tigrinhos e Santa Terezinha do Progresso com IDH baixíssimo, enquanto outras estão entre as melhores do país. Precisamos combater a disparidade, através da cooperação, que se choca com o capitalismo e a concorrência entre os estados.
Como pretende mudar o estado nos próximos 4 anos?
Tenho que reconstruir uma concepção de sociedade. O governo do estado tem muitas condições de fazer isso e esse é o valor com o qual eu quero trabalhar. Preciso assentar a sociedade no valor da cooperação e não da concorrência. Quando falo em desigualdade, quero dizer que não é só dar o pão e o café, mas combater a lógica social que produz diferenças. Essas disparidades existem e a lei de produzir desigualdade continua mesmo que o cidadão já esteja comendo o pão. Elas precisam ser combatidas e o governo tem que ter essa função. Estou chocando contra o capitalismo porque o que está disposto hoje é a velha economia.

Fonte: Site O Globo 18/08/2014

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