quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Eleição 2014 SC: Entrevista Cláudio Vignatti PT

Filho de agricultores, o candidato a governador de Santa Catarina pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Claudio Vignatti,
herdou da região não só a cultura, mas também as motivações na atuação política: a vida no campo e o ensino superior, que nunca conseguiu cursar. Com 47 anos, após exercer mandatos como vereador e deputado federal, abriu a própria empresa e, assim como mudou a gestão da própria vida, mudanças na administração pública estão entre suas principais propostas, caso eleito: “Precisamos mudar o modelo de gestão e retomar o planejamento a longo prazo. Quero criar um 'governo itinerante', uma semana em cada região”, sugere.
Entre os dias 18 e 27 de agosto, o G1 publica os perfis dos candidatos ao Governo de Santa Catarina. A ordem de publicação foi definida por sorteio na RBS TV, com participação de representantes dos partidos. Além disso, todos os candidatos responderam as mesmas perguntas.
Vignatti conta que o pai já se envolvia com questões políticas e incentivava a participação em movimentos sociais. Por isso, ainda na 5ª série foi um dos alunos que ajudou na criação do Centro Cívico de sua escola, no interior da cidade de Cunha Porã. Depois, a família se mudou para o interior de Palmitos, onde concluiu o Ensino Fundamental e esbarrou na primeira dificuldade relacionada à própria educação e que o motivou a se engajar em movimentos estudantis: a cidade não tinha Ensino Médio. Segundo ele, ajudou a fundar o Grêmio Estudantil, para buscar, entre outros anseios, a implantação das séries que faltavam.
Ele conta que saiu da propriedade rural da família para estudar. Seu primeiro emprego foi como garçom na churrascaria de um tio. Depois, ficou durante seis meses em uma cooperativa, até se mudar para Chapecó, onde começou a trabalhar como servidor público na área administrativa da Prefeitura.
"Após a Constituição ter sido outorgada, em 1988, fundamos o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público. Foi através desse Sindicato que foi promovida a primeira greve de Chapecó. Foi uma greve simpática, apoiada pela população, porque estávamos há três meses sem salário e a Prefeitura era a segunda maior folha de pagamento da cidade. Como não havia legislação, todos os funcionários pararam", explicou ele.
Apesar de ter se tornado conhecido com este episódio, foi só algum tempo depois, aos 28 anos, que se candidatou e foi eleito pela primeira vez a um cargo público, como vereador. Depois disso, foi candidato a deputado federal uma vez e eleito na segunda tentativa. Exerceu dois mandatos.
Vignatti conheceu a esposa, Marcelei, quando ministrava uma palestra no movimento estudantil. Começaram a namorar e o casamento veio no ano seguinte. Desde então, 23 anos se passaram, tempo que ele considera uma conquista, pela rotina que teve durante quase uma década, durante os dois mandatos como deputado federal. No período, a vida dos dois ainda incluiu os filhos: João Gabriel, de 16 anos, e Romeu Lucas, de 13 anos.
Vignatti diz que nunca fez um curso superior por falta de oportunidade. Por outro lado, pelo mesmo motivo também decidiu que este seria um de seus principais anseios enquanto político. "Eu sempre estudei muito, mas penso que se tivesse tido oportunidade, quanto mais eu poderia ter crescido. Por isso, fiz parte da comissão que criou o Pró-Uni, que concede bolsas em universidades particulares, e fui atrás da primeira universidade federal para o Oeste", disse ele. Os pais ainda vivem no campo e o candidato afirma que a realidade que vivenciou em casa e também na cidade motivou projetos, como o Microempreendedor Individual (MEI).

Qual considera o maior problema do estado?
Falta de planejamento. Os governos são de quatro anos e não pensam em nada além disso. Não temos um aeroporto bom, não temos uma rodovia duplicada que atravessa o estado. Uma ferrovia que liga o Oeste ao Litoral. Temos o pior índice do Brasil em saneamento básico. As escolas são as mesmas da época que estudei, há 30 anos. Isso é falta de planejamento a longo prazo.
Qual considera a maior potencialidade do estado?
Temos um potencial econômico, social, cultural e precisamos aproveitar o modelo, a partir do conhecimento do estado. Temos a Udesc, universidade do estado, que não tem curso de medicina. Ao mesmo tempo, faltam médicos em muitos municípios. Temos índices bons, mas nos escondemos atrás deles. Precisamos de uma escola moderna, com o professor em 1º lugar, e uma educação realmente de qualidade. 
Como pretende melhorar o estado nos próximos quatro anos?
Primeiro, precisamos mudar o modelo de gestão. Precisamos retomar o planejamento a longo prazo. Quero extinguir as atuais secretarias de Desenvolvimento Regional e criar um governo itinerante. O valor gasto com as secretarias daria um investimento extraordinário em Santa Catarina. São 21 associações de municípios no estado. Passaríamos uma semana em cada, com programação durante todo o dia, para falar com prefeitos, gestores e à noite ainda podemos criar o 'Xinga Governador', para que a população se manifeste.

Fonte: Site O Globo 22/08/2014

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