sábado, 14 de dezembro de 2013

Destaque Político Brasil: Eduardo Campos poderia ser candidato do PT em 2018, diz Luiz Marinho

O prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diz que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB),
errou ao se desgarrar do governo para disputar o Palácio do Planalto em 2014. Em entrevista ao programa Poder e Política, da Folha e do UOL, Marinho relata que ele, Lula e interlocutores do PT sinalizaram para Eduardo Campos que a melhor opção para o socialista seria manter o apoio à reeleição de Dilma Rousseff em 2014 --e assim se qualificar para ser o candidato a presidente em 2018, inclusive com o apoio do PT.
"Eduardo não teve a sabedoria e a paciência de se colocar para suceder em 2018. Ele poderia estar muito bem colocado nessa posição. Abriu mão, infelizmente", disse Marinho. O socialista "poderia ser candidato ao Senado. E ter o nosso apoio para ser presidente do Senado. Vir a ser ministro importante num segundo governo Dilma. Tinha um monte de possibilidades colocadas. Mas preferiu raia própria. Na medida em que disputa, vira adversário".
E quem fez as propostas para que Eduardo Campos mantivesse o apoio ao governo Dilma com a possibilidade de ter o apoio do PT para disputar o Planalto em 2018? "Eu disse publicamente isso. Essa sinalização foi colocada para o Eduardo". Por Lula? "O presidente Lula, a própria presidenta Dilma. Isso foi colocado", responde o prefeito de São Bernardo. "Eu acho que ele errou".
Como o PT tem um histórico sofrível quando se trata de ceder vagas em eleições importantes, as negociações não prosperaram. Além disso, em política é muito difícil fazer uma promessa sobre uma mercadoria a ser entregue só daqui a cinco anos. Marinho discorda. "Não acho difícil. Nós temos convicção de que em algum momento o PT terá que botar um partido aliado para governar o Brasil. Se nós queremos um projeto de longo prazo, nós temos que partilhar isso com os aliados".
Essas declarações são um sinal de como o PT ficou incomodado com a saída de Campos para a oposição. Revelam também um receio que o partido tem a respeito de disputar um segundo turno contra o pernambucano em 2014.
Em São Paulo, Marinho diz que foi sondado para ser o candidato do PT a governador, mas afirmou preferir terminar seu mandato como prefeito de São Bernardo. Na disputa paulista, acredita que o tucano Geraldo Alckmin seja o favorito para ser reeleito, mas que o nome pré-lançado pelo PT --o do ministro da Saúde, Alexandre Padilha--, estará no segundo turno.
Sobre a influência negativa que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, terá nas disputas paulistas de 2014, Marinho acha que os eleitores saberão diferenciar. O petista é aprovado por apenas 18% dos paulistanos, segundo o Datafolha. Para Marinho, Haddad "vai penar" até a metade de 2014 antes de começar a recuperar a popularidade.
Ex-presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), o prefeito de São Bernardo não acha que o direito de greve deva ser absoluto. Por exemplo, ele se diz contra paralisações de policiais.

A seguir, trechos da entrevista:

Mas não é melhor o PT pensar em se renovar?
Mas tem espaço nos Estados, tem possibilidades. Eu não estou dizendo que ele será o candidato em 2018, mas depende das circunstâncias. Se a gente produz um quadro jovem em condições de ser eleito presidente, caso a gente reeleja a presidenta Dilma, para dar continuidade em 2018, é evidente que é muito provável que o próprio ex-presidente [Lula] indique isso. Na medida em que o Eduardo não teve a sabedoria e a paciência de se colocar para suceder em 2018, porque ele poderia perfeitamente estar muito bem colocado nessa posição. Abriu mão dela, infelizmente.
O sr. está citando o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que é o presidente nacional do PSB. O PT também poderia ter feito alguma coisa, ou ainda pode fazer, para trazer Eduardo Campos de volta?
Neste momento, acho difícil. O que poderia ser feito? Nós não temos a mínima condição de tirar Michel Temer, do PMDB, para botar Eduardo de vice, por exemplo.
Mas o Eduardo poderia perfeitamente, caso assim o desejasse, ser candidato ao Senado. E ter o nosso apoio para ser presidente do Senado. Vir a ser ministro importante num segundo governo Dilma. Tinha um monte de possibilidades colocadas. Mas o Eduardo preferiu a raia própria de disputar. Na medida em que disputa, vira adversário.
O sr. acha que ele errou?
Eu acho que ele errou.
O sr. diz que em 2018 Eduardo Campos poderia ser a opção no campo governista. É muito difícil acreditar que em 2018 o PT, se for reeleito, não teria candidato próprio e apoiaria um nome de outro partido. O sr. não acha difícil fazer alguém acreditar nisso?
Não. Eu não acho difícil, não. Na medida em que nós temos convicção de que em algum momento o PT terá que botar um partido aliado para governar o Brasil. Se nós queremos um projeto de longo prazo, nós temos que partilhar isso com os aliados.

Fonte: Site Folha SP 11/12/2013

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