quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Atualidade: Em delação premiada, lobista fala em propinas a PP e PT

A 13ª Vara Federal de Curitiba liberou, na manhã desta quarta-feira, o conteúdo da delação premiada do lobista Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, que trabalhou para a empreiteira Toyo-Setal. 

Em depoimento prestado em 29 de outubro — mas só divulgado hoje — ele detalha como as maiores empreiteiras do país formaram um cartel para ganhar as principais concorrências na Petrobras. O delator afirma e reafirma que isso foi conseguido mediante propina a dirigentes da estatal.
Apelidado de "clube", o cartel era inicialmente composto de oito empresas. Com o tempo, passou a ser formado por 16 empreiteiras, que se revezavam no ganho de contratos. Além de detalhar os privilégios obtidos pelas companhias - listando uma a uma as obras viabilizadas mediante suborno — Ribeiro fala que o dinheiro era canalizado para partidos que compõem as diretorias da Petrobras. 
Os arranjos com relação ao PP, por exemplo, foram feitos pelo deputado federal José Janene (falecido em 2010). Ele procurou todas as empresas do "clube" e disse ser o responsável pela nomeação de Paulo Roberto Costa para a Diretoria de Abastecimento da Petrobras, diz Ribeiro.
O lobista afirma que Janene era extremamente duro nas negociações e exigia "regularidade" no pagamento de propinas, feito a empresas indicadas por Costa. Em alguns casos em que as empreiteiras pediram aditivos "por razões técnicas", Paulo Roberto Costa negou, possivelmente por divergências em relações a valores de subornos. E as empresas privadas tiveram grande prejuízo, já que não puderam ampliar as obras.
Ribeiro relata também que houve uma combinação entre o ex-diretor de Engenharia da Petrobras, Renato Duque (indicado pelo PT) e integrantes do "clube" de empreiteiras para que se estabelecesse uma lista de convidados para licitações na Petrobras, em troca de uma "comissão". Isso começou em 2004 e, a partir dali, todas empresas começaram a negociar sua participação mediante pagamento de "comissões", avaliadas em 2% do valor dos contratos. "Uma comissão, na Repar, chegou a R$ 65 milhões", detalha Augusto.
O delator assegura que os pagamentos em favor de Renato Duque se deram de três formas: 1) parcelas em dinheiro 2) remessas em contas indicadas no Exterior 3) doações oficiais ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Ribeiro conta ainda que, para entregar o suborno a Duque, as empreiteiras faziam contratos simulados de aluguel de equipamento de terraplenagem em refinarias, sem o respectivo serviço, para empresas com nomes como Legend, Soterra, Power, SM Terraplenagem e Rockstar. Que essas empresas eram pagas  em contas no Exterior ou em dinheiro em espécie, entregue pelo próprio declarante no seu escritório em São Paulo a um emissário de Renato Duque. Noutras vezes, era um subordinado de Duque, Pedro Barusco, quem solicitava a entrega de dinheiro em espécie num escritório indicado por ele.

Fonte: Site Globo.com 03/12/2014

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